SABERES E EXPERIÊNCIAS DE VIVER COM O HIV/AIDS EM UM BLOGUE BRASILEIRO
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida, HIV, Experiência com a Enfermidade, Mídias Sociais.
Os blogues produzidos por pessoas que vivem com doenças crônicas podem fornecer ricas descrições de práticas, costumes e percepções sociais do processo saúde-doença. Dessa forma, esse espaço virtual configura-se como um novo cenário de promoção de saúde, compartilhamento de informações e de experiências do viver com a enfermidade. Diante disso, o objetivo do estudo foi analisar os saberes e as experiências compartilhadas virtualmente em um blogue brasileiro sobre HIV/aids. Trata-se de um estudo socioantropológico de natureza qualitativa, realizado através de etnografia virtual e análise documental. Utilizou-se como fonte de dados 253 postagens feitas pelo autor do blogue de março de 2011 a julho de 2016, distribuídas nas sessões “Notícias”, “Diários” e “Artigos”. Os dados foram analisados pela técnica de codificação temática e incluíram os textos produzidos pelo blogueiro e os comentários dos visitantes da página. Nas sessões “Artigos” e “Notícias” são divulgadas saberes e informações sobre aspectos biológicos e clínicos do vírus, tratamento e prevenção do HIV/aids. Na sessão “Diários” são compartilhadas experiências do cotidiano do blogueiro e dos seguidores com o HIV. Nesse sentido, os comentários às postagens do autor do blogue produzem um espaço de compartilhamento de saberes e de experiências com o vírus. Além disso, as discussões nesse espaço virtual parecem trazer conforto e amenizar as dificuldades em viver com o HIV/aids na totalidade da vida cotidiana. Destaca-se, a medicalização social presente nos discursos do blogueiro e dos visitantes da página, fortemente direcionada à adesão ao tratamento e ao sexo seguro. Contudo, o blogue desempenha importante papel para seus seguidores, pois possibilita o compartilhamento de experiências com HIV, estimula a adesão ao tratamento e fornece informações científicas. Destaca-se ainda o anonimato como facilitador das interações virtuais e de formação de redes de apoio. No entanto, a medicalização dos discursos pode ser inclusiva para uns, mas exclusiva para outros.