AVALIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS SOBRE O CICLO SONO/VIGÍLIA E TRANSTORNOS DO SONO E APLICAÇÃO DESSES CONHECIMENTOS NO CONTEXTO DE TRABALHO EM PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Ritmo Circadiano, Transtornos do Ciclo Sono-Vigília, Privação do Sono, Assistência Integral à Saúde, Educação Permanente.
Introdução: Os problemas do ciclo sono/vigília e os distúrbios decorrentes do sono são considerados problemas de saúde pública. Porém, é escasso na literatura científica o que os profissionais de saúde no contexto da APS no Brasil conhecem sobre problemas e distúrbios do sono. Objetivo: Avaliar os conhecimentos sobre o ciclo sono/vigília e transtornos do sono e aplicação desses conhecimentos no campo de trabalho em profissionais da atenção primária à saúde no contexto da 5ª Unidade Regional de Saúde Pública (URSAP). Métodos: Trabalho de método misto, do tipo exploratório-descritivo desenvolvido em municípios da 5ª URSAP. Participaram da pesquisa 93 profissionais, sendo o n de 86 para a parte quantitativa, e 16 para a qualitativa. Os dados foram coletados a partir de um formulário semi estruturado dividido em 2 módulos: “Dados pessoais” e “Conhecimentos sobre Sono”, que inclui parte do questionário A Saúde e o Sono, e o Assessment of Sleep Knowledge in Medical Education (ASKME), além de perguntas abertas sobre a utilização do conhecimento sobre sono na prática profissional e ambiente de trabalho. Resultados: 86 profissionais tinham ensino superior e 7 com ensino médio ou técnico, se concentrando na faixa etária de 30 a 39 anos (50%), do sexo feminino (73,3%). O tempo de trabalho obteve uma média de 3,7 (dp = 4,4), e o nível de conhecimento sobre sono 5,7 (dp = 1,9). Quanto à fonte de obtenção de informações sobre o sono, os participantes relataram procurar mais nas mídias digitais (60,5%). Quando questionados se conheciam sobre a higiene do sono, 36% dos participantes responderam “mais ou menos”. O conhecimento sobre higiene do sono foi mais utilizado para a rotina de vida (80,2%). Os profissionais questionam os pacientes sobre duração e qualidade do sono; sonolência diurna (47,7%); horários de dormir e acordar e aos hábitos realizados antes de dormir, 65,1% e 61,6%, respectivamente, e distúrbios do sono (58,1%). Ainda, 74% dos participantes relataram não conhecer as orientações que os cadernos da APS do Ministério da Saúde fornecem a respeito da importância de questionar os pacientes sobre o sono. Com relação às categorias do questionário “A saúde e o sono”, no geral, obtiveram 70% de acertos. Já o ASKME obteve uma frequência de acertos de 46,5% em relação ao questionário total. Quanto aos dados qualitativos, a análise mostrou que a palavra “sono” foi a que apareceu com maior destaque em ambos os testes, a qual foi acompanhada pelas palavras “dormir”, “paciente”, “perguntar” e “ação”. Na análise de similitude “sono” possui três ramificações mais fortes que formam três núcleos. Discussão: De maneira geral, os profissionais possuem algum conhecimento sobre o sono, e a maioria questiona os usuários sobre problemas e distúrbios do sono na rotina de trabalho. Todavia, foi percebido orientações pouco aprofundadas e ultrapassadas com relação a quantidade de sono necessária, e até mesmo desconhecimento sobre aspectos básicos do sono, como a arquitetura do sono, higiene do sono e narcolepsia.