PREVALÊNCIA DA MULTIMORBIDADE E ASSOCIAÇÃO COM INCAPACIDADE NA POPULAÇÃO ADULTA DE SANTA CRUZ/RN: ESTUDO MDS-BRASIL
Multimorbidade, Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, Inquéritos Epidemiológicos.
O termo multimorbidade compreende a coexistência de 2 ou mais condições de saúde no mesmo indivíduo. Ao compararmos os indivíduos com problemas de saúde isolados com pessoas multimórbidas, estas são mais propensas a terem uma qualidade de vida reduzida, função prejudicada, pior saúde geral e mais propensos ao adoecimento mental. Esta pesquisa visa estimar a prevalência de multimorbidade na população acima de 18 anos e sua associação com a incapacidade e fatores pessoais, do município de Santa Cruz através do inquérito MDS-Brasil. Trata-se de um estudo observacional e transversal de base populacional com caráter quantitativo. Foram incluídas pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, sem distinção do nível de escolaridade, com ou sem incapacidades, que residiam no município de Santa Cruz/RN. Foram excluídos os participantes que optaram por não concluir a entrevista ou que demonstraram alguma dificuldade em responder o questionário. Para a multimorbidade, considerada a variável independente. Em relação aos fatores analisados com a multimorbidade, foram agrupados em dois blocos de variáveis, o primeiro representando as variáveis sociodemográficos (idade, sexo, renda, escolaridade, raça/cor) e o segundo referente aos dados sobre incapacidade, a qual foi considerada a única variável dependente, obtida por meio da aplicação do questionário MDS-Brasil. O resultado de incapacidade foi medido mediante uma pontuação composta com três domínios funcionais; Mobilidade, Funções do Corpo, Atividade e Participação. Para a análise dos dados, utilizou-se o programa PSPP e deu-se início pela distribuição da frequência de todas as variáveis do estudo e logo após, empregado o teste qui-quadrado com nível de significância adotado foi de 5%. Foram visitados 518 domicílios, sendo 504 entrevistas qualificadas com pessoas maiores de 18 anos. Os resultados mostraram uma maior proporção do sexo feminino, compondo 76,4% da amostra, sendo a maioria idosos com idade entre 60 anos ou mais (35,5%) seguido do público de adultos com 50 a 59 anos (18,1%), autodeclararam estar casados (38,3%) com Ensino Médio Completo seguido daqueles Sem Escolaridade ou Ensino Fundamental Incompleto de 16,7% e 10,9% respectivamente. Aproximadamente metade dos entrevistados se autodeclararam ser de cor parda (44,6%) com renda mensal média de R$ 1.200,00. Foi observada prevalência de 60,6% de multimorbidade autorreferida. Esta condição está associada aos indivíduos mais idosos, com 60 ou mais, do sexo feminino, casados em ambos os sexos e com Ensino Médio de escolaridade. Ao compararmos a multimorbidade com os três aspectos da funcionalidade, foi observado valores expressivos ao nível de diferença estatisticamente significativa. Visto a prevalência obtida neste estudo, compreende-se por cenário de desafio global e crescente, colocando pressão sobre a saúde e a impotência da população, além de representar um grande fardo econômico para a sociedade. Neste estudo as mulheres foram mais acometidas por duas ou mais condições de saúde, bem como os indivíduos mais idosos na faixa etária de 60 anos ou mais são mais acometidas. A multimorbidade se associou significativamente à presença de incapacidade funcional nos aspectos mobilidade, funções do corpo e atividades e participação, expressando o quanto a multimorbidade é complexa e pode ser um desafio para o manejo com tratamento adequado.