Impacto da cronicidade da febre chikungunya na qualidade de vida e funcionalidade.
Febre Chikungunya. Qualidade de Vida. Saúde Pública.
Introdução: Em 2016 foi registrado um expressivo aumento no adoecimento por febre chikungunya no Brasil, notadamente na região Nordeste, sendo um dos destaques o estado do Rio Grande do Norte, com taxa de incidência quase seis vezes maior que a nacional e 37 óbitos confirmados. Neste sentido, um dos maiores desafios no tratamento da febre Chikungunya é possibilidade de cronificação, não sendo ainda bem compreendidos todos os impactos e características deste quadro clínico. Objetivo: Avaliar o impacto da cronicidade da febre chikungunya na qualidade de vida e funcionalidade de pessoas acometidas pela doença. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo transversal, descritivo e comparativo com abordagem quantitativa, realizado em duas etapas, sendo a primeira um estudo transversal, descritivo sobre 103 casos confirmados para FChik em Natal-RN, posteriormente rastreados com, pelo menos, um ano após a doença para realização de inquérito telefônico para coleta de aspectos da fase crônica. A segunda etapa foi um estudo transversal, no qual foram comparados o grupo FChik composto por 25 doentes crônicos de FChik (rastreados na etapa 1) e o grupo saudável (GS) composto por 25 indivíduos saudáveis, pareados por sexo e idade. Os dois grupos responderam aos questionários HAQ e SF-12. Resultados: Na primeira etapa, os sintomas articulares mais proeminentes na fase aguda foram artralgia e dor nas costas; já na fase crônica foram a dor articular e o edema periarticular. 65,2% referiram prejuízos ao trabalho pela doença e o tempo de absenteísmo na maioria entre 7 e 30 dias. Na comparação entre os grupos FChik e GS foram encontrados prejuízos tanto para a capacidade funcional, quanto para a qualidade de vida, no grupo FChik (p < 0,05). Os aspectos mais comprometidos foram a categoria de Caminhada do HAQ, e o domínio de Dor Corporal do SF-12, o GChik também apresentou risco aumentado para o desenvolvimento de depressão. Conclusões: Mesmo transcorrido mais de um ano do adoecimento, os pacientes que ainda se encontravam na fase crônica da FChik apresentaram comprometimentos da funcionalidade e qualidade de vida, com prejuízos para a realização das atividades diárias.