UNIVERSIDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA: UM ESTUDO SOBRE OS IMPACTOS DA ADOÇÃO DO TELETRABALHO NA PERCEPÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS
Teletrabalho. Servidor público. Universidades públicas
Para conter a pandemia do novo coronavírus (COVID-19), o governo brasileiro implementou restrições drásticas à vida pública ou social, que resultaram na paralisação das atividades administrativas e acadêmicas presenciais em toda a sua rede de ensino superior. Nesse sentido, com o objetivo de reduzir a aglomeração de pessoas, e assim ajudar a conter a propagação da doença, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), autorizou o trabalho remoto para os seus servidores e suspendeu o atendimento presencial ao público nas unidades administrativas e acadêmicas. Embora o teletrabalho na administração pública já fosse uma realidade, foi somente em 2020,durante a pandemia do novo coronavírus, que a maioria das universidades públicas brasileiras começaram a adotá-lo como forma de trabalho. Sabendo que essa modalidade pode trazer uma série de consequências para o trabalhador, a presente pesquisa realizou um estudo de caso para identificar as vantagens e desvantagens da adoção do teletrabalho, durante a pandemia do novo coronavírus (COVID-19), na percepção dos servidores técnico-administrativos da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA/UFRN). Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem quantitativa e com delineamento transversal, que utilizou como instrumento um questionário aplicado aos técnicos administrativos da FACISA/UFRN que entraram em teletrabalho durante a pandemia do coronavírus, abordando diversas questões relacionados ao teletrabalho. Os resultados da pesquisa evidenciam que, na percepção dos servidores da FACISA, a opção da UFRN pela adoção do teletrabalho durante a pandemia do coronavírus proporcionou inúmeras vantagens, nas quais se destacam: maior autonomia no trabalho, maior flexibilidade nos horários e nas relações de trabalho, redução no tempo, no estresse e nos gastos com deslocamento, redução de custos com vestuário, possibilidade de fazer refeições em casa, maior interação com a família, maior privacidade, possibilidade de fazer outros trabalhos por conta própria, melhoria na qualidade de vida pessoal e no trabalho, além da sensação de maior segurança que pode estar relacionada aos menores riscos atrelados à violência urbana e ao trânsito, além da menor exposição ao coronavírus. Quanto aos aspectos negativos, a pesquisa identificou como principais desvantagens a maior distração com atividades domiciliares, a diminuição da qualidade do trabalho, o receio de perder benefícios trabalhistas, o maior isolamento profissional, problemas de infraestrutura tecnológica e a falta de treinamento específico. Espera-se que os resultados obtidos possam ampliar o conhecimento a respeito dessa modalidade de trabalho e dar subsídios para o planejamento estratégico das universidades públicas que pretendam implantar o regime de teletrabalho no período pós-pandemia ou aperfeiçoar um programa já existente.