EFEITOS DA DEFICIÊNCIA DE VITAMINA A NA FUNÇÃO PULMONAR APÓS INFECÇÃO RESPIRATÓRIA VIRAL
Vitamina A, deficiência, resistência respiratória
A deficiência marginal de vitamina A representa um estado onde a reserva hepática dessa vitamina está diminuída sem apresentar sinais clínicos. A inflamação das vias aéreas causada por infecção viral contribui para a hiperreatividade brônquica, promovendo aumento da resistência das vias aéreas, posteriormente normalizada. Hipótese: A deficiência marginal de vitamina A pode influenciar a evolução da doença respiratória viral, alterando sua gravidade e duração. O objetivo deste trabalho é avaliar se há relação entre o estado da vitamina A e as alterações de função pulmonar em pré-escolares durante uma infecção de vias aéreas superiores (IVAS). Trata-se de um estudo transversal que avaliou 177 crianças entre 4 e 6 anos de idade, classificadas em 3 grupos: 1. controle (n = 51); 2. crianças com sintomas de infecção de vias aéreas superiores (IVAS) (n = 74): 3. grupo IVAS + crise de sibilância (n= 52). Determinou-se o retinol sérico e o teste dose-resposta relativa modificado (Modified relative dose response - MRDR) por cromatografia líquida de alta eficiência. Avaliou-se a resistência respiratória total pela Técnica das Oscilações Forçadas (TOF) por Oscilometria de Impulso (IOS). A identificação viral foi realizada pela Reação em Cadeia da Polimerase. Avaliou-se o estado nutricional através dos escores-z para Peso/Idade, Altura/Idade, Peso/Altura e Índice de Massa Corpórea/Idade. As médias para os índices A/I, P/I, P/A e IMC/Idade foram de -0,29 ± 0,95; 0,22 ± 1,14; 0,56 ± 1,42 e 0,37 ± 0,97, respectivamente. Identificou-se rinovirus em 19,5% (n=23) das crianças com IVAS. As médias de retinol sérico dos grupos IVAS + crise de sibilância, IVAS e contole foram, respectivamente, 17,5 ± 7,30; 32,1 ± 13,16 e 56,8 ± 29,82µg/dL, com diferença significativa do grupo IVAS + crise de sibilância em relação aos demais grupos (ANOVA, P< 0,0001). As médias de MRDR dos grupos IVAS + crise de sibilância, IVAS e controle foram, respectivamente, 0,021 ± 0,021; 0,065 ± 0,046 e 0,007 ± 0,006 (ANOVA, P < 0,0001). A resistência respiratória total no grupo IVAS + crise de sibilância e IVAS (126,0 ± 26,9 e 97,2 ±16,6 por cento do predictor, respectivamente) foi significativamente maior (x2, p < 0,001) que no grupo controle 93,6 ± 18,0. A recuperação da resistência respiratória total do grupo IVAS foi significativa (p < 0,005) quando o MRDR < 0,030 e retinol sérico ≥ 20µg/dL, ficando prejudicada quando a situação era de MRDR > 0,030 e retinol sérico < 20µg/dL. A recuperação da resistência respiratória total do grupo IVAS + crise de sibilância foi significativa independentemente do valor do retinol ou do MRDR (p < 0,001). Os controles tinham MRDR < 0,030. Os resultados indicam que 65% das crianças do grupo IVAS + crise de sibilância apresentam reservas hepáticas de vitamina A adequadas e retinol sérico deficiente/deficiente marginal. A resistência respiratória total das crianças do grupo IVAS com MRDR inadequado, persiste alterada até três semanas após a fase aguda da infecção. Em conclusão, este estudo demonstra que níveis marginais de vitamina A alteram a resistência respiratória, com uma defasagem no tempo de recuperação pós-infecção viral.