RISCO DE SÍNDROME METABÓLICA EM TRABALHADORES BENEFICIADOS E NÃO BENEFICIADOS PELO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR
políticas públicas, trabalhadores, fatores de risco cardiovasculares, síndrome metabólica, insegurança alimentar
Estudos vêm relatando um aumento do risco cardiometabólico entre trabalhadores assistidos pelo Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), única Política Pública de Segurança Alimentar e Nutricional voltada para este público no Brasil, devido à uma maior frequência de excesso de peso e maior perímetro abdominal (PA) nesses indivíduos. Assim, o objetivo deste estudo foi estimar a prevalência da Síndrome Metabólica (SMet) e seus componentes individuais entre trabalhadores da indústria e sua relação com o PAT. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa prospectiva em dois estágios, transversal, comparativa de trabalhadores de indústrias de transformação aderentes e não aderentes ao PAT, estratificadas por setor de atividade e tamanho da empresa. Após consentimento informado por escrito, os trabalhadores foram entrevistados no local de trabalho, onde foram coletados dados socioeconômicos, biodemográficos e antropométricos, além das informações de saúde e verificação da pressão arterial. Também foram realizadas coletas de sangue (12h de jejum) para determinação de glicemia sérica, triglicerídeos e HDL-colesterol. A regressão logística multinível de efeitos mistos foi usada para comparar os grupos PAT e não PAT separadamente em cada sexo. A pesquisa incluiu 332 trabalhadores de 16 empresas do PAT e 344 trabalhadores de 17 empresas não PAT. A prevalência geral de SMet foi alta, mas sem diferenças estatísticas entre os sexos (39,8% no sexo feminino versus 28,5% no masculino, p = 0,16). Ao comparar os grupos, os homens do grupo PAT apresentaram prevalência de SMet significativamente maior (33,0% versus 23,9% não PAT, p = 0,008) e para os componentes individuais, também se observou maior prevalência de PA aumentada (47,0% versus 29,4% não PAT, p <0,001) e glicemia de jejum elevada (8,9% versus 6,3% não PAT, p <0,001). Para as mulheres, não foram observados resultados estatisticamente significativos na prevalência de SMet e seus componentes individuais entre os grupos. Assim, conclui-se que os programas de assistência alimentar estão associados ao aumento da prevalência da SMet nos homens, mas, possivelmente, não nas mulheres, sugerindo uma influência da insegurança alimentar nos efeitos dos programas de assistência alimentar em populações de baixa renda.