RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS E INFLAMATÓRIAS AO EXERCÍCIO AERÓBICO AGUDO EM INTENSIDADE AUTOSSELECIONADA
Obesidade, exercício aeróbico, intensidade autosselecionada, afeto, inflamação, dano muscular
A prevalência de obesidade aumentou em todo o mundo nas últimas três décadas. A carga de doenças relacionadas à obesidade é mais pesada entre as mulheres, uma vez que a obesidade e seu grau de severidade são maiores em mulheres do que em homens de todas as faixas etárias. A atividade física regular representa a base do tratamento comportamental da obesidade. Entretanto, indivíduos com sobrepeso e obesos tendem a evitar atividade física, não atendendo aos regimes impostos, com taxas de desistência que variam de 71% a quase 100%. A atividade física realizada na intensidade autosselecionada poderia representar uma alternativa válida aos regimes impostos para melhorar a adesão. Esse estudo foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa foi realizada uma pesquisa descritiva de corte transversal para investigar até que ponto a obesidade poderia identificar a disfunção autonômica do controle cardíaco com 65 mulheres sedentárias (com idade entre 18 e 45 anos), categorizadas como eutróficas, com sobrepeso ou obesas. Esse estudo gerou um artigo. Na segunda etapa realizamos uma pesquisa experimental em um ensaio clínico randomizado unicego para avaliar os efeitos agudos do exercício aeróbio na intensidade autosselecionada em marcadores psicofisiológicos, estresse, inflamação, lesão muscular e dor em um desenho entre e intra sujeitos. Mulheres jovens inativas e sadias com obesidade (n = 46; faixa etária de 18 a 45 anos) exercitaram-se durante 60 min em esteira em velocidade imposta ou autosselecionada que poderia ser trocada a cada 5 minutos. No artigo observacional concluímos que medidas antropométricas da obesidade foram associadas à VFC e ao desequilíbrio autonômico do controle cardíaco. No primeiro artigo da fase experimental identificamos que mulheres inativas com obesidade atingem intensidade moderada a vigorosa ao se exercitarem em ritmo autosselecionado, sentindo afeto positivo durante toda a sessão. O esforço percebido vai de “leve” a “moderado” durante a maior parte da sessão. Há uma diminuição no cortisol sérico com relação teórica com o afeto positivo. Um pico de produção de biomarcadores de danos musculares associado à dor muscular ocorreu 24h após a intervenção e retornaram aos valores pré-exercício após 48h. Por outro lado, não há efeito claro da sessão de exercício em biomarcadores inflamatórios de fase aguda. No segundo artigo da fase experimental concluímos que um exercício moderado em intensidade autosselecionada está relacionado à intensidade superior, melhores respostas afetivas e a uma redução equiparável no nível de estresse quando comparado ao exercício de intensidade imposta, o que pode influenciar diretamente na aderência à uma atividade física, quando se trata de mulheres com sobrepeso e obesas.