O iceberg celíaco: do espectro clínico e marcadores sorológicos à histologia em crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 e síndrome de Down.
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Analisaram-se a ocorrência de sintomas gastrointestinais e extraintestinais em crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e com síndrome de Down (SD), sua associação a marcadores sorológicos e alterações histopatológicas da doença celíaca (DC), representando suas formas clínicas no iceberg celíaco. Realizou-se estudo de corte transversal no período de novembro/2009 a dezembro/2012, em unidade ambulatorial pediátrica de hospital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que incluiu DM1=111 e SD=77 pacientes. Coletaram-se dados clínico-demográficos. Anticorpos IgA antiendomísio (EmA) e anti-transglutaminase tecidual (anti-tTG) e IgA sérica foram determinados, assim como anti-tTG/IgG, quando a IgA sérica foi baixa. Pacientes com anticorpos positivos foram submetidos à biópsia de intestino delgado (BID). Classificaram-se as formas da DC segundo critérios ESPGHAN-2012 e representadas no iceberg celíaco. Aplicaram-se os testes qui-quadradode Pearson, Fisher, “t” de Student e Mann-Witney, com “p” significante ≤ 5. Sintomas gastrointestinais ocorreram em 53,7%, extraintestinais em 4,3% e anticorpos foram positivos em 28,2%(n=53). Houve associação dos anticorpos com sintomas gastrointestinais, mas não com alterações histopatológicas da DC. Dos que realizaram BID (n=40), os achados foram compatíveis com DC em 37,5%, sendo DM1=05/111(4,5%) e SD=10/77(12,9%). Identificaram-se as formas clínicas: gastrointestinal (32,5%), silenciosa (5,0%) e potencial (62,5%). A alta ocorrência de sintomas gastrointestinais e sua associação a marcadores sugeriu possível influência destes na seleção de pacientes com marcadores positivos. No entanto, a falta de associação com achados histopatológicos da DC revelou a inconsistência dos sintomas para o reconhecimento da doença. Apesar da predominância da forma gastrointestinal nos casos de DC ativa, sua contribuição no iceberg celíaco foi menor do que a forma potencial, que determinou sobremaneira a base larga e submersa do iceberg celíaco nos grupos de risco estudados.