MICROFILME: LITERATURA E MÍDIA NO CORREIO FEMININO DE CLARICE LISPECTOR
Clarice Lispector, literatura, mídia, jornalismo, mulher.
No contexto da modernidade brasileira, surge a obra de Clarice Lispector, revelando a mulher que opta conscientemente pelo labor intelectual, pela especulação jornalística e pelo ato de escrever. Ao analisarmos a relação existente entre literatura e mídia disseminada pela autora, é possível estabelecer a construção de um espaço da escrita voltado para a mulher. Nas colunas escritas para tablóides e jornais, situados na coletânea Correio Feminino, percebemos a contribuição da mulher literata, utilizando da correspondência para se comunicar. Deste modo, averiguamos as particularidades que o tecido da linguagem clariciana trouxe para a obra literária e para os meios de comunicação, desenhando um modo de criação, de estética e de estilo no fazer do gênero que se desenvolveu com base no estreitamento entre jornalista e leitor. A pesquisa compreende a análise dos textos e as relações geradoras da abertura para a mudança do discurso da mulher a partir da década de 50. Destacamos também os conflitos das leitoras para com o convívio com o jornalismo e sua linguagem e as correlações do trabalho midiático para a atividade literária. Visualizamos na linguagem da autora um texto inconformado com modelos culturais preestabelecidos que encarceram um padrão de feminilidade proposto para a época. Desmistifica padrões de total subserviência, com a essência inclinada para a dependência. Faz florescer a divulgação da cultura dos países em que viveu. Produz e germina no espaço do jornal uma crônica que relaciona conteúdos considerados subsidiários como essenciais.