Caio Fernando Abreu e a Metáfora da AIDS
AIDS, Armário, Metáfora, Caio Fernando Abreu, Narrativa.
Um dos elementos constituintes da obra do escrito brasileiro Caio Fernando Abreu é a problematização da temática da AIDS. A partir da publicação do conto “Pela Noite”, presente no volume Triângulo das Águas (1983), a abordagem da questão da doença passa a ser recorrente na obra do autor, podendo ser destacados diversos exemplos de seus livros seguintes. Guiado por uma poética do silêncio que oculta na narrativa as referências à doença por trás de imagens, principalmente metáforas, Caio constrói seu discurso sobre a AIDS, que apesar do silêncio aparente possui uma reverberação que perpassa com maior ou menos intensidade os textos do autor. A leitura dessas metáforas da AIDS revela um discurso crítico do autor que constrói uma nova perspectiva de leitura sobre a doença. Partindo das perspectivas teóricas de Eve Kosofsky Sedgwick em seu Epistemologia do Armário (1990), em que trata da metáfora do armário como um lugar de ocultação sistemática da identidade homoerótica, e de Susan Sontag em seus ensaios A Doença como Metáfora (1977) e AIDS e suas Metáforas (1988) em que a autora analisa os processos de formação de metáforas em torno de certas doenças, problematizaremos como se dá a criação de imagens sobre a doença na narrativa abreana, mostrando que ela se torna um componente fundamental para a compreensão dessas.