Afetividade. Representações. Linguística Sistêmico-Funcional. Ensino de Inglês
Essa pesquisa surgiu da prática pedagógica da pesquisadora em uma escola técnica, na cidade de Natal/RN e tem por objetivo verificar como a afetividade é percebida pelos alunos nas aulas de inglês, pois, a princípio, pode-se ter a ideia de um ensino tecnicista, cujo foco é o processo de aquisição de habilidades, nos cursos técnicos. Como neste trabalho cognição e afetividade são considerados elementos indissociáveis, procuramos identificar as marcas linguísticas que expressam as representações construídas pelos alunos sobre a afetividade nessas aulas. Utilizamos a metafunção ideacional de Halliday (1994), realizada pelo sistema de transitividade para ilustrar como as orações são utilizadas para realizar as representações e a metafunção interpessoal, que trata das relações entre professor e aluno. Procuramos identificar os processos (HALLIDAY, 1994) mais utilizados pelos 68 alunos participantes da pesquisa, de modo a estabelecer o lugar da afetividade em suas representações. Utilizamos narrativas de aprendizagem (BARCELLOS, 2009), submetidas ao programa computacional WordsmithTools (SCOTT, 2009), cujos resultados apontam os itens lexicais mais frequentes. As escolhas lexicais parecem sugerir que a afetividade é percebida como elemento integrante das aulas de inglês dessa escola. Há representações de aulas interativas, nas quais as necessidades dos alunos são consideradas. Essas representações são construídas no relacionamento do professor com os alunos, realizadas gramaticalmente pelo adjunto de polaridade negativa ‘não’, adjunto de intensidade ‘muito’, e do grupo nominal ‘o/a professor(a)’ junto a um operador verbal. Os processos relacionais (ser e estar) e mentais (gostar) foram os mais utilizados em seus textos, e observamos que a afetividade e a disponibilidade em ajudar são elementos de articulação de primeira ordem para eles. O sistema de Avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005) foi utilizado para analisar as escolhas relacionadas às atitudes de julgamento e ao afeto feitas pelos alunos, que apontaram apreciação por aulas interativas e participativas, mas ainda há posturas autoritárias nas aulas.