LETRAMENTO LABORAL DE AGRICULTORES: COOPERANDO SABERES EM PRÁTICAS DIGITAIS DE COMERCIALIZAÇÃO
Letramento laboral. Recursos digitais. E-commerce. Agricultura familiar..
Em meio às pequenas propriedades localizadas em áreas rurais interioranas, gerenciadas, na maioria das vezes por agricultores familiares, os letramentos digitais são pouco aproveitados não apenas pela pouca disponibilidade de equipamentos tecnológicos, mas também pela ausência de experiências quanto ao uso desses dispositivos em suas atividades laborais na esfera digital. Diante dessa problemática, o presente estudo objetiva investigar os impactos gerados pela realização de intervenção a partir de oficinas de letramento direcionadas a agricultores vinculados à Cooperativa Mista da Agricultura Familiar de Acari e Adjacências (COMFA), em termos de melhoria da qualidade de suas práticas de letramento laboral quanto à divulgação e comercialização de produtos rurais em ambientes digitais (e-commerce). Teoricamente, fundamenta-se em aportes referentes aos letramentos como prática social (Hamilton, 2000; Kleiman, 1995 e 2005; Street, 2014), mais precisamente em estudos que focalizam os multiletramentos (Rojo, 2009; Kalantzis, Cope, e Pinheiro, 2020), o letramento digital (Coscarelli; Ribeiro, 2005; Buzato, 2007; Ribeiro, 2009 e 2021; Braga, 2013), o letramento laboral (Paz, 2008) os letramentos críticos (Kleiman; Santos-Marques; Leurquin, 2021), além de discussões acerca das relações de trocas de saberes entre acadêmicos/extensionistas e camponeses em espaços rurais (Freire, 1983). Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa-ação (Thiollent, 2011; Dionne, 2007), que adota abordagem de dados qualitativa (Bogdan; Biklen, 1994), interpretativista (Moita Lopes, 1994; 2006), com traços de vertente etnográfica (Chizzotti, 2006; Angrosino, 2009). Para o percurso interventivo, foram utilizadas as orientações propostas pelos projetos e oficinas de letramento (Kleiman, 2000; Oliveira, 2008; Oliveira, Tinoco, Santos, 2014; Santos-Marques; Kleiman, 2019), além do Diagnóstico Rural Participativo (DRP) (Verdejo, 2010). Como resultados desta investigação, podemos destacar que as intervenções possibilitaram aos participantes ampliar seus letramentos em práticas digitais, mais especificamente em termos de conhecimentos voltados às vendas em canais digitais, no que diz respeito às redes sociais e às transações bancárias. Além disso, favoreceram a reorganização e o aprimoramento visual das postagens e do perfil de conta do Instagram da cooperativa, por meio de planejamento e de uso de estratégias voltadas para uma melhor elaboração e divulgação de posts de produtos disponibilizados à venda