LILITH: UMA MULHER-PESADELO DA SOCIEDADE PATRIARCAL E SUAS SIMBOLOGIAS ORBITANTES
Lilith; mulher-pesadelo; arquétipo; simbologia; mitologia.
O mito, como um mecanismo de autoimagem de um povo, revela seus desejos e seus medos estruturando, assim, padrões comportamentais desejados e tabus. Por conseguinte, dentro da sociedade patriarcal os mitos instituem uma série de paradigmas que precisam ser seguidos à risca, especialmente no que diz respeito às mulheres. Dentre elas, as que rechaçam essas imposições são envilecidas e se tornam mulheres-pesadelo. Lilith é um exemplo de mulher-pesadelo. Ela surgiu antes do patriarcado se instaurar completamente pela Terra e continua assombrando o mundo de forma que há hoje quem não ouse pronunciar o seu nome. À vista disso, o objetivo deste trabalho é analisar os mitos em que Lilith é mencionada, bem como todo o sistema de símbolos que corteja a mulher-pesadelo. As obras eleitas são: Alfabeto de Ben Sira; Zohar, o livro do Esplendor; Tanach e Talmud. O método de análise desta investigação é de caráter qualitativo e de base bibliográfica que se apoia principalmente em três pilares: a mitocrítica, o estudo dos símbolos e a teoria feminista. Assim sendo, o referencial teórico que se norteia a pesquisa conta com Joseph Campbell e Bill Moyers (1990), Robert Graves e Raphael Patai (2018) etc. ao que concerne ao estudo do mito. Alinhado à teoria do mito, se utiliza a teoria sobre o arquétipo e o símbolo sob perspectiva de Mircea Eliade (1972/1979/1999), Carl Gustav Jung (1964/1970/1996/2016), Gaston Bachelard (1989), Chevalier e Gheerbrant (2001) entre outros. Em relação a crítica feminista, se vale de Gerda Lerner (2019), Martha Robles (2019), Barbara Black Koltuv (2017), e Jean Delumeau (2001). Através das investigações até aqui realizadas, compreende-se que o medo e o horror que Lilith desperta é extemporâneo para uma sociedade que repudia a mulher dona de si.