REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA NA GRANDE MÍDIA ESCRITA. OS EDITORIAIS NO PROCESSO DE IMPEACHMENT DA PRIMEIRA PRESIDENTA DO BRASIL: DILMA ROUSSEFF
Representação discursiva. Mídia. Dilma Rousseff. Impeachment.
Esta dissertação examina a construção da representação discursiva da ex-presidenta Dilma Rousseff pelo jornal Folha de S. Paulo em um período fundamental da recente história política brasileira: o primeiro mês do processo de impeachment da então presidenta, no qual os fundamentos do pedido de impedimento começaram a ser avaliados pela Câmara dos Deputados, de 3 de dezembro de 2015 a 2 de janeiro de 2016. Partindo da concepção de que os editoriais são textos pertencentes à seção de opinião dos jornais, por meio dos quais a empresa jornalística apresenta seu posicionamento diante dos fatos que acontecem no país, o própósito é identificar que elementos o jornal utilizou para a construção da imagem que o veículo de comunicação elaborou da então presidenta. O objetivo geral da pesquisa é investigar de que forma um dos veículos de comunicação da grande mídia escrita retratou a então presidenta, nos 31 dias que se seguiram à abertura do processo de impeachment. Foram selecionados, para tanto, 23 editoriais, que são aqueles que, no período, trataram do tema Dilma Rousseff – seja para tratar diretamente do impeachment, seja para avaliar seu governo, ou para opinar sobre a sua condução da política econômica. O período escolhido se justifica pelo impacto que a notícia da aceitação do pedido de impedimento causou na sociedade brasileira. Desde 2013, a partir do que ficou conhecido como as “jornadas de junho” a Dilma sofria ataques itensos à sua administração. A crise atingiu um ápice quando Cunha acolheu o pedido, no dia 2 de dezembro de 2015, que culminou com a destituição da primeira presidenta do Brasil, em 31 de agosto de 2016. A pesquisa buscou responder à seguinte pergunta: a posição da Folha de S. Paulo, manifestada por meio de seus editoriais, construiu qual representação discursiva da primeira presidenta da República do Brasil, Dilma Rousseff, no primeiro mês após a abertura de seu processo de impeachment? O trabalho se fundamenta na Linguística Textual e na Análise Textual dos Discursos (ATD), em particular na construção conceitual da representação discursiva (Rd) de Jean-Michel Adam. A metodologia é qualitativa, com a utilização dos procedimentos de análise da ATD. Primeiramente, foram selecionados 23 textos, distribuídos ao longo do período citado, de 31 dias; em seguida, foi feita a identificação das cláusulas que fazem referência a Dilma Rousseff, a seus aliados e a seus antagonistas no processo político de impeachment; posteriormente, foi feita a descrição dessas cláusulas, com a marcação das categorias semânticas referenciação, predicação e modificação; em seguida, foram quantificadas as ocorrências de cada referente, predicador e modificador; por fim, na análise dos dados, será realizada a síntese da representação discursiva de Dilma Rousseff construída pela Folha de São Paulo no período. A príncípio, observa-se que as referenciações e predicações denotam disputa, jogo, oposições, demarcando o embate político no qual a então presidenta era uma das protagonistas. Há uma conexão clara entre o conjunto dos editoriais. O jornal se coloca como observador e analista, destacando o papel do Supremo Tribunal Federal como mediador da disputa. Por meio de marcas de posicionamento, também revela sua parcialidade na proposição de mundo que oferece aos seus leitores.