O ESPELHO DE FRIDA KAHLO: REFLEXOS E REFRAÇÕES DE UM CORPO GROTESCO
Frida Kahlo; corpo grotesco; Bakhtin; autorretrato; diário íntimo.
A obra pictórica de Frida Kahlo é mundialmente conhecida. Seus quadros já foram objeto de investigação em algumas áreas do conhecimento no mundo acadêmico. No entanto, na atualidade, não somente os quadros são usados como corpus de pesquisas, desenvolvidas nos mais diversos campos do saber. Este estudo é, de certo modo, inaugural, no mundo das humanidades, pois ele atravessa a fronteira da esfera artística e se instaura, também, no espaço da esfera íntima e privada da pintora. Com a publicação do diário íntimo de Frida, seu acervo epistolar particular virou livro, com suas fotos pessoais reunidas e publicadas também em um livro. Diante disso, esta tese tem por objetivo investigar os elementos do grotesco bakhtiniano (BAKHTIN, 2013) presentes no corpo feminino que é retratado em autorretratos e em algumas páginas do diário íntimo da, mundialmente famosa, pintora mexicana, Frida Kahlo. Esta pesquisa existe pela vontade de esmiuçar e responder, entre outros, os seguintes questionamentos: quais elementos do grotesco encontram-se no corpus deste estudo? Tais características são suficientes para dar ao corpo feminino, representado por Frida, o status quo de corpo grotesco, na perspectiva bakhtiniana? Para garantir a efetividade deste trabalho, a pesquisa confronta ideias nas fronteiras que as unem, a fim de assumir uma vestimenta teórico-metodológica. As bases da pesquisa são os pressupostos da Linguística Aplicada transgressora e transdisciplinar (LOPES, 2019) e da teoria bakhtiniana (BAKHTIN, 2010, 2013, 2015, 2016, 2018). Porém, isso não é tudo. Este estudo apresenta, como caminho metodológico mais pragmático, um perfil qualitativo-interpretativista, o que implica dizer que analisa as respostas, sócio-históricas e eticamente engajadas, dadas pelo corpo de Frida Kahlo, retratado nos recortes, aos questionamentos que surgiram durante esta jornada. Os resultados apontam que o mote e as ferramentas, usados pela pintora e mulher Frida, nas suas mais variadas faces, revestiram-se de características grotescas para alcançar seus horizontes de interesse.