LITERATURA, MEMÓRIA E VIOLÊNCIA: ANÁLISE DOS ROMANCES PILATOS E QUASE MEMÓRIA, DE CARLOS HEITOR CONY
Palavras-chaves: literatura engajada; Carlos Heitor Cony; memória; violência, imagem social.
Esta tese tem como objetos de análise os romances “Pilatos” (1974) e “Quase-memória” (1995), do escritor carioca Carlos Heitor Cony. Sobre eles, destaca-se a hipótese de que a memória e a violência podem ser categorias constituintes de uma imagem literária sobre as ações de repressão durante o regime militar (1964-1984). Assim, de modo específico, buscou-se a análise da formatação discursiva na construção da memória sobre o período ditatorial, considerando a exposição de cenas de violência presentes nas narrativas. Para isso, tomou-se como orientação teórica a compreensão do discurso literário preenchido por uma materialidade social (ADORNO, 2003; BAKHTIN, 2015; AUERBACH, 1987; CANDIDO, 2000; EAGLETON, 2011), além de considerar a obra de Cony enquanto uma literatura que apresenta marcações discursivas engajadas politicamente diante das representações sociais nos romances analisados (BENOÎT, 2002; DALCASTAGNÈ, 1996). Sobre a memória, buscou-se identificar e analisar os elementos que emergem nas narrativas para delinear uma imagem social sobre o período ditatorial, a partir de Benjamin (2013), considerando, de igual modo, as marcas e discursos de violência enquanto mecanismo de dominação (BOURDIEU, 1989). Portanto, compreende-se que esta tese possibilita compreender a obra de Cony, assim como sua posição enquanto intelectual inserido no cenário de produção literária durante e após o período ditatorial.