MORTE-APRENDIZAGEM EM CIRANDA DE PEDRA E EM A CONFISSÃO DA LEOA: ROMANCES DE FORMAÇÃO E TANATOLOGIA
morte-aprendizagem; romance de formação; literatura contemporânea; Lygia Fagundes Telles; Mia Couto.
Este trabalho verifica a hipótese da morte-aprendizagem a partir da recorrência do tema morte nos romances Ciranda de pedra (publicado originalmente em 1954), de Lygia Fagundes Telles, e A confissão da leoa (2012), de Mia Couto. Observamos como o processo de finitude (o morrer, os mortos, o luto, a melancolia e o reinvestimento libidinal em novos objetos amorosos) funciona como catalisador do desenvolvimento humano nas personagens protagonistas que, imersas em sucessivas experiências de morte (biológica/ natural e simbólica/ metafórica), amadurecem psíquica, afetiva e socialmente, configurando-se as obras como romances de formação (PINTO, 1990; MAZZARI, 2010; MORETTI, 2020). A partir de uma fundamentação teórica transdisciplinar (Psicanálise, Biologia, Etnologia Social, Filosofia e História), discorremos sobre como o morrer e o lidar com os mortos têm se configurado na sociedade, reverberando subjetivamente na formação das personagens em análise. Tendo-se em vista a existência de poucos trabalhos que relacionam a temática da morte com obras literárias, ratifica-se a relevância desta pesquisa, que contribui para a área de estudos da Literatura Comparada, unindo a literatura africana moçambicana e a literatura brasileira contemporâneas.