LILITH E MEDEIA: MULHERES-PESADELO DA SOCIEDADE PATRIARCAL
Arquétipo. Lilith. Luz del Fuego. Medeia. Mitologia.
A presente pesquisa tem como objetivo comparar as obras O Alfabeto de Ben Sira e Medeia, de Eurípides elucidando o arquétipo de mulher-pesadelo da civilização patriarcal na literatura. Esse arquétipo de mulher-pesadelo carrega uma série de características, podendo ser cruel, lasciva, infanticida e até mesmo divino. Posto isso, podemos analisar as narrativas mitológicas identificando os perfis da mulher transgressora do patriarcado, ao passo que se contrasta e se reafirma no corpo e na vida de Dora Vivacqua na pele de Luz del Fuego descrita na obra Luz del Fuego: A bailarina do povo (1994). Disposto em três capítulos, o texto conta com perspectivas comparatistas baseando-se nas discussões teóricas de Gerda Lerner (2019), Monique Wittig (2006), Rosie Marie Muraro (1997), Pierre Bourdieu (2012) e Jean Delumeau (2001) para compreendermos a história do sistema patriarcal, seus mecanismos, ferramentas e discursos. No tocante a teoria sobre as mitologias teremos Joseph Campbell e Bill Moyers (1990), Martha Robles (2006) Robert Graves e Raphael Patai (2015), entre outros. Por meio das teorias costuradas às narrativas literárias, percebe-se que a literatura fala da sociedade onde toma forma; podendo ser tanto descritiva como prescritiva. Dessa forma, entendemos que mulheres como Medeia, Lilith e Luz del Fuego caminham nas duas vias, pois a literatura as descreve porque existiram - ainda que seja em forma de mito -, e as prescreve para que não voltem a existir, devido ao antagonismo (ou dualismo) que provocam, oscilando entre fascínio e pavor.