A ESTÉTICA DO HORROR EM MIA COUTO E LUÍS ROMANO:
DO DELEITE AO ABJETO
Contos do nascer da Terra. Famintos. Luís Romano. Mia Couto. Abjeto. Horror deleitoso.
Este estudo analisa duas narrativas: O homem da rua, que integra a coletânea de contos, Contos do nascer da Terra, de Mia Couto (1997), e a quadra, Estrada de martírio, do romance Famintos, de Luís Romano (1962). Tendo como objetivo analisar a estética do horror à luz da teoria do Sublime, de Edmund Burke, em especial, ao “horror deleitoso” e ao abjeto, proposto por Júlia Kristeva. Como aporte teórico usamos o conceito de horror sobrenatural, Lovecraft (2008), a definição do horror sublime, Burke (1993) e o abjeto, Kristeva (1980). A reflexão crítica sobre a narrativa de horror tem em Lovecraft a assertiva de que a mais antiga e intensa emoção experimentada pelo ser humano é o medo do desconhecido. A teoria burkeana do sublime é de fundamental importância na reflexão crítica contemporânea sobre as narrativas de horror, bem como o conceito de abjeto proposto por Kristeva que dialoga com o sublime burkeano, tendo neste um precursor do que seria chamado de abjeto no século XXI.