MEMÓRIA CULTURAL NA POESIA DE LUÍS CARLOS GUIMARÃES
Memória. Memória Cultural. Memória Potiguar. Memória seridoense. Luís Carlos Guimarães.
Esta pesquisa analisa indícios de memória cultural em excertos da obra do escritor curraisnovense Luís Carlos Guimarães. Dois são os livros de poesia estudados: O aprendiz e a canção (1961) e As cores do dia (1965). Do primeiro escolheu-se o “Galo” (1961), do segundo “Curral” e “O pai” (1965).Em primeiro plano temos uma tendência poética a representar/relembrar marcos arquitetônicos que habitam a cultura e imaginário seridoense, a anotar: a casa da fazenda, os armazéns, os currais, entre outros; por outro lado, vê-se também um eu-lírico que busca registrar, ao seu modoparticular, várias práticas culturais que, assim como os marcos arquitetônicos inerentes, são íntimas ao imaginário seridoense. Listam-se a agricultura e a pecuária com ambas as práticas culturais que obtiverem maior influência e recorrência. No segundo momento ocorre uma intersecção, reduzindo limites entre as memórias do eu-lírico, voz explícita do poema, e as próprias memórias do poeta. A relação entre ambos tende a se tornar mais flexível, oferecendo margens a possíveis interpretações autobiográficas. O resultado de ambos os pólos é uma representação singular e particular de um ambiente bucólico e notadamente sertanejo. Ao cruzar tanto informações biográficas quanto características históricas e culturais, torna-se possível atribuir ao Seridó, mais precisamente a Currais Novos ou Caicó, a ambientação dos poemas, ratificando o tom notadamente regionalista. Todos os poemas recuperam, por intermédio de memórias culturais, verdadeiros símbolos de alto teor identitário, possibilitado tanto uma análise da representação poética de tais ícones, como também o estudoda perspectiva singular do poeta que os enquadra e eterniza. Para a discussão proposta nos valemos dos estudos de: Assmann (1995; 1998; 2008;); Assmann (2011); Erll e Nunning (2003; 2008) e José (2012) no que concerne a perspectiva teórica de memória cultural adotada; as ideias de Nora (1993), Bosi (1994), Le Goff (2013), Halbwachs (2006), Ricœur(2007) e para fundamentar as discussões sobre memória; os postulados de Cascudo (1956; 1984; 1999), Lamartine (1965), Cirne (1979), Mariz e Suassuna (2005), Trindade (2010) e Macêdo (2012) e no que se refere à cultura/história seridoense e potiguar; os postulados de Gurgel (2001)enquanto aporte para reflexões sobre a intersecção entre literatura e memória potiguar.