A AVENTURA DO ESTRANHAMENTO EM PALOMAR, DE ITALO CALVINO
Italo Calvino; Palomar; Aventura; Estranhamento; Cidade;
Este estudo tem como objetivo analisar as relações entre homem e espaço da cidade presentes no romance Palomar (1994), última obra de ficção do escritor italiano Italo Calvino (1923-1985), sob a perspectiva do estranhamento, procurando investigar, também, como o autor utiliza conceitos e aspectos do romance de aventura num romance moderno. Através das explorações do senhor Palomar, temos o confronto entre indivíduo e metrópole que, na aparente banalidade de seu cotidiano, proporciona imagens exóticas que dependem de interpretações diferentes do que parece já estabelecido, além do impulso para o desbravamento, o que nos leva a pensar na obra como elaboração aventuresca. Nesse sentido, observaremos como a percepção caminha para um sentido universal a partir do estranhamento, com a criação de um segundo olhar sobre o que já é conhecido; ele desautomatiza o significado banal de objetos, seres e espaços, redefinindo-os. Para isso, observação e descrição são pontos-chave da narrativa, na ânsia de perseguir e discutir a própria linguagem. As perspectivas teóricas que permeiam nosso estudo são, principalmente, a obra ensaística de Calvino (1990; 2009; 2010; 2015) - publicadas em jornais e resultados de conferências -, sobretudo no que tange à linguagem, deslocamento e percepção do estrangeiro; as abordagens de estranhamento feitas por Chklovsky (1917) e Friedrich (1978); e o pensamento sobre a cidade a partir das concepções de Baudelaire (2006) e Certeau (1998).