OS ESPAÇOS INTERSTICIAIS NO PROCESSO DE (RE)CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO FEMININO EM RÍSIA N’AS MULHERES DE TIJUCOPAPO, DE MARILENE FELINTO
Memória; Espaços intersticiais; As Mulheres de Tijucopapo.
Esta dissertação apresenta um estudo panorâmico do livro As Mulheres de Tijucopapo (1992), de Marilene Felinto, acerca da busca da identidade perdida pelo deslocamento de Recife para São Paulo. Nele, a personagem Rísia parte em busca do elo perdido de sua origem. Num percurso de nove meses, ela ruma na aventura de retorno à procura de si mesma pelo contato com a terra natal de sua mãe. Ao se dar à luz, a narradora-personagem nos permite pensar a importância da identidade, da memória e das lembranças na formação social das classes. Rísia, em eterna busca do “elo perdido”, simboliza a construção de uma identidade cultural permanente que, atualmente, se encontra multifacetada e móvel, na verdade, em construção. Porém, a busca da origem não é garantia de um encontro satisfatório consigo mesma, pois Rísia ainda precisa aprender a lidar com a experiência das perdas e do sofrimento. O questionamento do discurso hegemônico que define a sociedade e a cultura multirracial brasileira. A identidade nordestina auxilia na evidenciação da dor provocada pelas diferenças sociais, culturais e raciais. Apesar da personagem-protagonista-narradora viver em uma grande cidade (São Paulo), resolve retornar ao tempo-espaço primeiro de sua identidade cultural para, dessa maneira, melhor se conhecer. A circunstância para a sua aceitação iniciará por sua identificação com o lugar de origem (Pernambuco). Os recursos que serviram de fundamento para nossas ponderações encontram-se ancorados nas demandas da teoria literária em torno da análise psicanalítica, como os escritos de Julia Kristeva (1989), Malvine Zalcberg (2003) e Maria Rita Kehl (1997), além da teoria de cunho cultural e pós-colonial de Michele Perrot (2005).