LETRAS E CORES DE UM SER FRAGMENTADO: um olhar bakhtiniano sobre a escrita diarista de Frida Kahlo
Círculo de Bakhtin. Valoração. Escrita diarista, Verbo-visualidade, Frida Kahlo.
Ícone da pintura e da cultura mexicana, Frida Kahlo (1907-1954), teve uma vida marcada pela tragédia e sofrimento. Conhecida artisticamente por seus autorretratos manteve um diário em que registrou seus dez últimos anos de vida. Nele encontram-se relatos pessoais, cartas, poesias, colagens, pinturas e desenhos, atravessado pelas cores vibrantes que caracterizam sua obra. Nesta pesquisa, nos propomos analisar a escrita diarista presente em seu diário, pensado como um enunciado concreto atrelado à vida social, e sob o enfoque teórico-metodológico dos estudos dos enunciados verbo-visuais. Para nossa análise, tomamos por referencial teórico as postulações teóricas advindas do Círculo de Bakhtin no que concerne a valoração, relações dialógicas e linguagem. Ancoramo-nos também nos estudos realizados por Brait, Casado Alves, Faraco e Moita Lopes. Para tratar da escrita diarista nos valemos das reflexões de Leujane, e, no que concerne aos estudos culturais, de Bauman, Canclini e Hall. Nosso corpus é composto por enunciados presentes no livro “O diário de Frida Kahlo, um autorretrato íntimo” (2012), publicado postumamente. A pesquisa insere-se dentro da perspectiva da Linguística Aplicada, área indisciplinar e mestiça, por se tratar de um campo teórico que considera a complexidade dos fatos relacionados à linguagem e às práticas discursivas. Metodologicamente, esta investigação desenvolve-se a partir de uma abordagem qualitativo-interpretativista, com enfoque sócio histórico.