A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DE AGENTES DE LETRAMENTO DIGITAL: CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA ATOR-REDE
Letramento Digital. Tecnologias da Informação e Comunicação. Formação Docente. Teoria Ator-Rede.
Este estudo partiu da necessidade de investigação do papel das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no ensino de Língua Portuguesa e da necessidade de compreender como se dá o uso dessas tecnologias no processo de formação docente para contribuir com o desenvolvimento e a ampliação do letramento digital de professores que atuam na educação básica. Como objeto de estudo, elegemos as práticas de letramento digital, desenvolvidas por professores em formação inicial e continuada, vinculados ao Curso de Extensão Letramentos e Tecnologias: ensino de Língua Portuguesa e demandas da cibercultura. Inserindo-se no campo da Linguística Aplicada, esta investigação adota uma abordagem qualitativa (NUNAN, 1992) e assume características de um estudo de natureza etnográfico-virtual (KOZINETS, 1997; HINE, 2000). Nesta abordagem, temos como propósito central discutir as identidades construídas pelos colaboradores da pesquisa ao longo do seu processo formativo no curso de extensão bem como as possibilidades de mudança de postura na sua prática laboral. Especificamente, objetivamos: 1) caracterizar as práticas de letramento desenvolvidas pelos colaboradores antes e depois da ação formativa; 2) discorrer sobre a atuação dos professores nas redes sociais e os benefícios que essas ações trazem para a sua prática pedagógica; 3) analisar os posicionamentos discursivos e identitários do professor decorrentes da sua inserção e atuação em redes sociais complexas. Teoricamente, a discussão se ancora nos Estudos de Letramento (BAYNHAM, 1995; KLEIMAN, 1995; HAMILTON; BARTON; IVANIC, 2000), especificamente, multiletramentos digitais (COPE, KALANTZIS, 2000; BUZATO, 2001; 2007; 2009; SNYDER, 2002; 2008; LANKSHEAR; KNOBEL, 2002; 2008) e na Teoria Ator-Rede (LATOUR, 2000; 2005; 2006; BUZATO, 2009a; 2009b; 2012a; 2012b; 2016; 2014; BARTON; LEE, 2015; ARAÚJO; LEFFA, 2016; VETROMILLE-CASTRO; FERREIRA, 2016). Fundamentamo-nos ainda na Teoria Social Contemporânea naquilo que concerne ao conceito de identidade (HOLLAND ET AL., 2001; HALL, 2005, 2013; BAUMAN, 2001, 2005) bem como nas discussões acerca dos processos de formação e aprendizagens ao longo da vida (ALHEIT, 1996; 2000; 2006). Considerando que o estudo ainda se encontra em processo, a análise dos dados, até então empreendida, evidencia uma mudança na postura do professor em sala de aula e, consequentemente, de sua identidade: do professor tradicional – antes do curso – ao professor agente de letramento (KLEIMAN, 2006; OLIVEIRA, 2010) – após o curso. O estudo revela que os desafios e posturas vivenciados pelo professor nas comunidades ecológicas virtuais (MENEZES, 2016) podem ser decorrentes da escassez de políticas públicas que visem à formação do professor para utilização das tecnologias em sua rotina pedagógica.