A MEMÓRIA INDIVIDUAL E A MEMÓRIA COLETIVA NAS CRÔNICAS DE ORIGEM CASCUDIANAS DOS ANOS 20
Câmara Cascudo, Crônicas de Origem, Memória Individual e Memória Coletiva.
O presente trabalho analisa as Crônicas de Origem, de Câmara Cascudo, livro organizado pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Raimundo Arrais, e tem como objeto de estudo a cidade de Natal nas crônicas cascudianas dos anos 20. A pesquisa tem por objetivo geral analisar a memória individual e a memória coletiva no conjunto de crônicas que Luís da Câmara Cascudo publicou na imprensa da cidade de Natal ao longo da década de 20 do século passado, na tentativa de perceber a relevância dessa obra cascudiana não só para Natal e para o Rio Grande do Norte, mas também para diversos países e de examinar a relação que Cascudo tinha com os seus conterrâneos, que se tornava singular graças as afinidades permitidas pelas memórias comuns aos interlocutores. Nessa direção, para a análise específica da representação da memória individual e da memória coletiva nas crônicas em estudo, temos como aporte teórico as sistematizações do pensamento crítico de Halbwachs (1994, 2004, 2006), Bosi (1976), Le Goff (2003, 1996). No que diz respeito às questões acerca da Tradição, tomamos como fundamentação o pensamento de Borheim (1987), de Santiago (2002) e de Benjamim (2012). Sobre a autoficção, recorremos às discussões de Lejeune (2008). O trabalho não será baseado apenas nesses autores, porém eles serão a âncora que fundamenta, no geral, toda a pesquisa. Interessa-nos perceber como as memórias individuais e as memórias sociais se articulam entre si, conforme o pensamento de Candido (1965), segundo o qual a literatura é, em sua especificidade de linguagem, um objeto artístico aberto ao social. O método adotado para a análise das obras considera o texto e o contexto, a literatura como realidade de linguagem e como realidade social e histórica.