MECANISMOS DE JUNÇÃO EM TEXTOS ACADÊMICOS: uma abordagem sistêmico-funcional
Junção. Sistema de conjunção. Relações lógico-semânticas. Gramática Sistêmico-Funcional. Texto acadêmico.
A observação do modo como se organizam os textos acadêmicos permite o entendimento dos mecanismos de construção dos sentidos nos diferentes estratos dos sistemas discursivos. Além das características lexicogramaticais que se configuram na superfície dos textos, o reconhecimento dos contextos em que são produzidos possibilita também compreendê-los como sendo resultantes de processos de construção de sentidos complexos e articulados nesses sistemas, tal como definido pela Linguística Sistêmico-Funcional (LSF). Este estudo se filia aos modelos de sistemas discursivos propostos por Martin e Rose (2007), aos estudos de coesão desenvolvidos em Halliday e Hasan (1976) e à gramática sistêmico-funcional de Halliday e Matthiessen (2014). O foco e escopo do trabalho é o fenômeno da junção com marcadores explícitos – aqui concebida como diferentes realizações da lexicogramática que, independentemente de seu estatuto ou extensão, atuam na confluência de complexos oracionais. Neste caso específico, o interesse se volta aos textos produzidos por graduandos e pós-graduandos em Letras, a fim de: (i) identificar as relações de junção em textos acadêmico-científicos produzidos por estudantes de graduação e de pós-graduação; (ii) comparar os usos das relações de junção entre os textos produzidos por estudantes de graduação e pós-graduação; (iii) apresentar uma tipologia das relações de junção em textos acadêmico-científicos de língua portuguesa, segundo a abordagem sistêmico-funcional. Para atendimento destes objetivos, a pesquisa analisa um corpus de 9,8 milhões de palavras composto por artigos, monografias, dissertações e teses da área de linguística. Os dados foram recenseados com apoio de ferramentas disponíveis nas aplicações do WordSmith Tools (SCOTT, 2012), especificamente no tratamento quantitativo de amostras. À guisa de resultados, é possível indicar que a junção com marcador explícito se situa com maior recorrência nos textos de graduandos, mas colabora, indistintamente nos trabalhos de graduação e pós-graduação, para a construção de sentidos no discurso porque configuram relações e atividades dentro do próprio texto e para além dele, tanto pelas passagens argumentativas de um tópico a outro, como pelo emprego de recursos como metáfrase, transposição e/ou ampliação de sentidos quando esses componentes funcionais semânticos apontam para a experiência ou ideação e, noutros casos, para a organização sequencial do texto.