Na cantilena do café-com-pão: riso e tradição na obra de Bartolomeu Correia de Melo
Palavras-chave: Riso. Tradição. Bartolomeu Correia de Melo.
A presente pesquisa analisa a obra fictícia do autor potiguar Bartolomeu Correia de Melo, sobretudo os contos publicados no livro Tempo de estórias (2009), tendo como categorias analíticas a tradição e o riso, discutidos respectivamente por Bornheim (1987) e Bakhtin (1999). A tradição apreendida por Melo se inscreve numa estrutura costurada por paradoxos, a dizer de uma rua feita de mão dupla. Nessa perspectiva, os valores do passado chegam aos olhos do leitor, ora como desejo de permanência, ora como matéria problematizada pelo riso. O risível se interpõe, assim, como categoria discursiva capaz de subverter e desmitificar verdades sagradas, inscrevendo-se no contexto da não oficialidade, da não seriedade e da subversão. A análise busca perceber nos contos o modo como operam o riso e a tradição, considerando suas implicações com a vida sociocultural do estado e do país. Tal investimento nos conduz à compreensão sobre como a obra de Melo integra o sistema literário nacional, conforme Candido (2013) e Chiappini (2014), na medida em que se filia a um conjunto de obras literárias brasileiras cuja dominante temática passa pela valorização de componentes regionais. Discute também a presença da tradição e da modernidade na construção da narrativa, dando destaque à figura do narrador e à aproximação com a tradição oral de contar histórias, momento em que se vale dos estudos realizados por Benjamin (1993), Rosenfeld (2009) e Adorno (2012).