ANÁLISE CRÍTICA DA (DES)(RE)CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA EM PRODUÇÕES DE NARRATIVAS DE MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Narrativas do “eu”; Sujeito; identidade; relações de poder; Análise Crítica do Discurso.
A violência tem sido utilizada como instrumento de manutenção do regime Patriarcal que ainda assombra nossa sociedade. Inserido e legitimado em/por nossa cultura, o regime patriarcal considera a mulher como um ser inferior que deve ser subjugado e dominado, inclusive, pela força. Neste contexto, O objetivo dessa pesquisa é investigar, no âmbito das práticas discursivas e sociais, os processos de (des)(re)construção identitária em produções de narrativas de mulheres vítimas de violência de gênero, contra a mulher. Para tanto, buscaremos verificar estudos de outras áreas, tais como, Estudos Culturais, Sociologia, Feminismo, dentre outros. Por isso, entendemos que essa dissertação está situada nos estudos de Linguística Aplicada e apresenta uma perspectiva indisciplinar (MOITA-LOPES, 2006). Além das áreas já mencionadas, dialogaremos com a Análise Crítica do Discurso, a Sociologia para Mudança Social, e a Linguística Sistêmico-Funcional. Para análise em torno de a postura indisciplinar em Linguística Aplicada, utiliza-se a metodologia qualitativa/interpretativa (MAGALHÃES, 2001). A fim de examinar narrativas do “eu” de mulheres vítimas de violência, recorremos à narrativas expostas na internet, por serem de domínio público. Dessa forma, pesquisamos apenas os relatos presentes nessa ferramenta (comentário) locada em reportagens do site do G1, mais especificamente, as reportagens sobre violência de gênero feitas no ano de 2014, em duas capitais do Nordeste, Piauí e Rio Grande do Norte, e em uma reportagem feita no programa “Profissão Repórter”, em 2011. Para fundamentação da pesquisa, enquanto método de estudo e teoria social, utilizamos a Abordagem Sociológica e Comunicacional do Discurso, corrente vinculada aos pressupostos da Análise Crítica do Discurso (PEDROSA, 2012a). Os dados evidenciam que as narrativas do “eu” na ferramenta “comentário” dividem-se em dois grandes grupos: narrativas de desistência e narrativas de persistência. Percebemos também os sujeitos se movimentando nas Esferas identitárias de acordo com os contextos da narrativa. A pesquisa nos permitiu ainda inferir que existe uma possibilidade de mudança social a partir da narrativização das tensões identitárias e reconhecimento das desigualdades nas relações de poder.