HAROLDO DE CAMPOS E O BARROCO: CANTOS PARALELOS
Haroldo de Campos – Barroco – Poesia - Cantos paralelos – Paródia - Recriação
A presente pesquisa consiste em uma investigação teórica acerca do caráter intersemiótico da recriação presente na obra do poeta, crítico e tradutor Haroldo de Campos, com base nas conceituações fundamentais do Barroco. Nessa medida, busca-se identificar e analisar os procedimentos construtivos da escritura transdisciplinar do autor, enumerando as potencialidades formais e conceituais trazidas, a partir desta modalidade de escritura, para o universo do signo verbal. Assim, pretende-se estudar as características do jogo inter-relacional engendrado por Haroldo de Campos com diversos autores, variadas poéticas, diferentes gêneros e variadas linguagens. Para tal empresa, faz-se necessário levar em conta a noção de paródia enquanto canto paralelo, ou seja, como criação que consiste na releitura, na reinterpretação e na atualização de autores de obras anteriores, procedimentos estes, caros à linguagem do Barroco. Isto posto, realizar-se-á um paralelo entre a produção visual do autor brasileiro e os textos-visuais do barroco português dos séculos XVII e XVIII, enumerando e discutindo os pontos dialógicos existentes entre as duas dimensões poéticas, propondo, com isso, uma analogia entre a vanguarda e a tradição. Do mesmo modo, será proposto um paralelo entre a obra do autor em questão e a obra de dois poetas portugueses contemporâneos. O primeiro deles diz respeito às obras de Haroldo de Campos e de Ana Hatherly, com ênfase no caráter metalinguístico da poética de ambos os autores. Já o segundo paralelo, tange ao diálogo entre a produção visual do poeta brasileiro e os poemas visuais de E. M. de Melo e Castro. A pesquisa visa, em síntese, estudar o aspecto relacional, que, a nosso ver, caracteriza sobremaneira a obra de Haroldo de Campos como uma produção de envergadura barroca.