1. ENTRE MEMÓRIAS E SÍMBOLOS: a representação dos laços familiares em Ciranda de Pedra e Verão no Aquário, de Lygia Fagundes Telles
Memória. Personagens. Relações familiares. Símbolos.
O trabalho analisa em Ciranda de Pedra (1954) e Verão no Aquário (1963), de Lygia Fagundes Telles (1923 –), a representação dos laços familiares por meio da memória e dos símbolos. Esses primeiros romances da escritora paulista têm em comum o fato de trazerem como heroínas duas jovens mulheres, Virgínia e Raíza, respectivamente, que sofrem com a crise de identidade ocasionada, sobretudo pelas tensões das relações familiares. A família, que tem relevante função em ambas as obras, atua principalmente pela ausência de afeto, de atenção e de diálogos. Essas carências são cruciais para acentuar o vazio existencial das protagonistas, as quais são enlaçadas pela solidão e pelo sentimento de rejeição. Observa-se ainda que o reflexo da desestruturação familiar é introjetado em Virgínia e Raíza de maneira a impulsioná-las na busca por refúgios interiores. Por essa razão as heroínas lygianas constantemente evocam o passado, explorando as camadas da memória à procura de respostas para os constantes desencontros afetivos. Essas memórias que são despertadas a partir de símbolos vão constituindo e moldando o universo interior das personagens, possibilitando uma mudança a partir de dentro. Assim sendo, a dissertação traça algumas reflexões sobre a construção das personagens principais de Ciranda de Pedra e Verão no Aquário, e também sobre a memória e o simbólico, por serem elementos marcantes para a compreensão das relações familiares representadas nesses romances.