A poética da crioulização em Chico Science & Nação Zumbi
Palavras-chave: Literatura, música, Chico Science
RESUMO Com a proposta de fazer uma poética sonora que dialogasse com a diversidade cultural presente em Pernambuco da década de 90, Chico Science integra em um mesmo álbum o ritmo afro-brasileiro (maracatu, por exemplo), com o ritmo globalizado (rock, por exemplo). Surgia assim uma cena musical chamada de Manguebeat, que teve como marco o lançamento dos dois álbuns Da lama ao Caos (1994) e Afrociberdelia (1996), do grupo Chico Science & Nação Zumbi (CSNZ). Ao mesmo mesmo em que se integravam os ritmos, Chico Science também propunha em suas letras um desvio do projeto Armorial do então governador Ariano Suassuna, que tinha como princípio salvaguardar os ritmos tradicionais dialogando apenas com a cultura musical erudita e ocidental. Diante disso, esses álbuns surgem como uma voz da cultura marginalizada. O Afrociberdelia (1996) é estudado neste trabalho a partir de uma perspectiva lítero-musical que sugere um discurso do diverso, não mais da unidade, da pureza, daquilo que se queria salvaguardar das influências externas ao território brasileiro. Pensando nessa assimilação cultural, proposta no Afrociberdelia (1996), o presente trabalho pretende analisar a poética musical de algumas das canções desse álbum. Para tanto, tomaremos como pressuposto teórico uma perspectiva pós-colonial a partir dos conceitos de “crioulização” de Édouard Glissant (2005 e 2011) e de “transculturação” de Ángel Rama (1986 e 2001). Além disso, pretende-se discutir o entre-lugar da literatura e da música a partir de Silviano Santiago (2000).