A expressão do condicionado contrafactual em construções ‘Se P, então Q’
Condicionado contrafactual; futuro do pretérito; pretérito imperfeito; sociofuncionalismo.
Neste trabalho, tomamos como objeto de estudo a expressão da função contrafactual presente em construções do tipo ‘se p, então q’, com foco no uso alternado de formas verbais na estruturação da apódose/condicionado, cujo valor é canonicamente designado pelo futuro do pretérito. Trabalhamos com amostras de fala extraídas de reportagens televisivas veiculadas na televisão brasileira entre os anos de 2010 e 2013. A base teórico-metodológica para nossa discussão advém dos princípios do Sociofuncionalismo (cf. TAVARES, 2003, 2011, 2013; GORSKI; TAVARES, 2013; entre outros) que, por sua vez, trabalha na interface entre os pressupostos do Funcionalismo linguístico (cf. GIVÓN, 2001; BYBEE, 2010; entre outros) e da Sociolinguística (cf. WEINRICH; LABOV; HERZOG, 1968; LABOV, 2008 [1972], 2001, 2010; entre outros). Averiguamos contextos linguísticos e extralinguísticos passíveis de influenciar a escolha do falante pelo futuro do pretérito ou pelo pretérito imperfeito, tanto em suas formas simples quanto em locuções ou formas perifrásticas. Para tanto, partimos da hipótese de que fatores linguísticos como a ordem da sentença e o paralelismo, e de que fatores sociais como o sexo e o nível de escolaridade sejam relevantes para a explicação do uso alternado de formas verbais na codificação da indicação contrafactual. Os resultados obtidos em nossa análise (qualitativa e quantitativa) apontam a relevância de alguns desses fatores no uso efetivo das formas verbais futuro do pretérito e do pretérito imperfeito do indicativo nas apódoses contrafactuais, e ressaltam o papel de princípios funcionalistas (a exemplo do princípio da marcação e do princípio da iconicidade) sobre o uso variável das formas verbais sob enfoque.