REPRESENTAÇÃO DA MODERNIDADE E DA TRADIÇÃO NAS POESIAS DE MANOEL DE BARROS
poesia, Manoel de Barros, modernidade, tradição
O presente trabalho, inserido na linha de pesquisa Literatura e Memória cultural, do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem da UFRN, trata de uma análise da obra poética de Manoel de Barros, em particular o livroMemórias inventadas: as infâncias de Manoel de Barros (2008), “Tudo que não invento é falso”. Com esse paradoxo, Manoel de Barros marca seu livro e traz com ele fragmentos de lembranças soltas em uma época de aparência invisível. Com o objetivo de analisarecompreender como se dão, em suas poesias, as representações da experiência do campo e da cidade, como um espaço de tensão entre o modo de vida rupestre e a realidade social moderna, os seus poemas compreendem aspectos de situações humanas ancoradas em modo de viver mais simples, uma vida mais espontânea. Nesse sentido, podemos dizer que para o poeta a vida não é reduzida à técnica, nem ao progresso, que implica a ideia de velocidade plena e do mundo capitalista, guiado pelo princípio do lucro e de uma razão que vem cada vez mais instrumentalizando os homens e suas relações interpessoais. Nas sociedades modernas,o que predomina é a valorização da tecnologia, da racionalidade da ordem social, de modo que o modelo de espaço que a civilização moderna nos dá é o urbano. Nesse espaço se destacam a visão materialista do mundo, a ideia de progresso, a imagem de civilização da cidade em detrimento do campo, visto como espaço e experiências rudimentares. Assim, é pretensão deste trabalho verificar como Manoel de Barros afirma a tradição rupestre em desfavor da modernização.