O Padrão Discursivo Provérbio numa perspectiva cognitivo-experimental: expressões idiomáticas em Grande Sertão: veredas.
Linguística Cognitiva, Gramática de Construções, Expressões Idiomáticas, Expressões Proverbiais
Este trabalho objetiva elucidar as motivações que levam os leitores do romance Grande Sertão: Veredas (ROSA, 2001) a categorizar determinadas construções gramaticais encontradas na obra como sendo proverbiais. Para isso, se volta para a investigação dos processos cognitivos envolvidos na configuração do padrão discursivo provérbio, tomando como suporte teórico a Linguística Cognitiva. Nessa empreitada, ancoramo-nos nas noções de construções corporificadas (BERGEN; CHANG, 2005), simulação mental (BARSALOU, 1999, BERGEN, 2010), frequência (BYBEE, 2001), padrão discursivo (ÖSTMAN; FRIED, 2005, DUQUE; COSTA, 2012) e idiomaticidade (FILLMORE; KAY; O’CONNOR, 1988). Partimos do pressuposto de que os provérbios constituem um padrão discursivo cristalizado a partir da recorrência de uso e, em face disso, indagamos: que mecanismos cognitivos são ativados pelos leitores no processo de categorização das expressões ditas proverbiais? Motivados pela situação-problema apresentada, formulamos alguns experimentos com a intenção de lançar luz às questões investigadas e concluímos que os leitores recorrem a constituições construcionais subjacentes aos provérbios conhecidos através das interações realizadas em seu entorno sociocultural, para darem conta da semantização de construções inéditas. Nesse processo, são ativados esquemas e frames através de simulações mentais instanciadas pelas experiências corporais e culturais, decisivas para a efetivação dos processos de categorização e de construção de sentidos das construções proverbiais.