IMPLICAÇÕES DO CICLO DO ALGODÃO SERIDOENSE NA TECITURA ESTILÍSTICA DOS ROMANCES RURAIS DE JOSÉ BEZERRA GOMES
José Bezerra Gomes. Romances rurais. Ciclo do Algodão. Estilo. Poética do Algodão.
Esta tese tem por objetivo central criar inteligibilidades acerca das implicações do Ciclo do Algodão seridoense na tecitura estilística dos seguintes romances de temática rural do escritor currais-novense José Bezerra Gomes: Os Brutos (1938), Ouro Branco (inédito) e A Porta e o Vento (1974). Para tanto, assume, do ponto de vista teórico-metodológico, os postulados do Círculo de Bakhtin, especialmente, as concepções de linguagem, de enunciado literário, de cronotopo, de vozes sociais, de estilo e de autor-criador. A pesquisa situa-se no escopo da Linguística Aplicada e adota, como fundamento metodológico, o paradigma indiciário-interpretativista de base sócio-histórica. Durante o percurso investigativo, as análises dos três romances possibilitaram perscrutar diversas vozes sociais e diversos discursos estratificados, atravessados por (e refratários de) visões de mundo em constante embate dialógico e ideológico, os quais contribuem para a tecitura do estilo bezerriano nos romances, principalmente: 1) vozes defensoras do casamento e do modelo patriarcal de família e vozes contestadoras desses discursos; 2) imagens antagônicas de sertão, negação de estereótipos e assunção de descrições de sertão valoradas positivamente; e 3) dialogizações em torno do título das obras e a poetização da linguagem prosaica. A pesquisa revela, em sede de conclusão: 1) o gerenciamento e o acabamento dados pelo autor-criador ao coro de vozes e de discursos presentes nas obras imprime aos enunciados um tom social-individual, um posicionamento socioideológico-estilístico diferenciado frente aos discursos circulantes na cadeia discursiva de que fazem parte; e 2) essa tecitura estilística das obras é perpassada pelo ideário do cronotopo do Ciclo do Algodão seridoense, configurando o que se nomeou de Poética do Algodão.