MEMÓRIA E FICÇÃO: As publicações literárias do jornal Diário da Tarde – Ilhéus, como construto de memória da Região do Cacau
Jornal. Textos Literários. Memória. Arquivo. Representação
A presente tese elege como objeto de investigação os textos literários publicados no jornal Diário da Tarde de Ilhéus, nos anos de 1929, 1931, 1933, 1935 e como estes, a um só tempo, constroem e representam a memória da sociedade de Ilhéus e região do cacau, que compreende o sul e parte do extremo sul do Estado da Bahia, no campo da literatura, da religião, da história e das memórias. O jornal pode ser visto como um lugar ou arquivo de memória, pois em suas publicações é possível interpretar fatos e acontecimentos da primeira metade do século XX, sejam eles literários, religiosos ou culturais, uma vez que o suporte jornalístico também pode ser visto como um guardião de fatos e acontecimentos, ou seja, apresenta e representa, ao mesmo tempo, uma memória guardada, arquivada, sacralizada em seus vestígios. Sendo a memória aquela que guarda, arquiva e representa fatos e acontecimentos de épocas passadas, ela está aberta à dialética da lembrança e do esquecimento. Para tal, os estudos sobre lembrança e esquecimento foram embasados em teóricos como Maurice Halbwchs (2006), Paul Ricouer (2007), Paolo Rossi (2010), Janice Theodoro (1998); sobre arquivo e lugar de memória partimos das concepções de Pierre Nora (1993), Foucault (2002), Elisabeth Roudinesco (2006), Derrida (2001); sobre a imprensa, o romance folhetim e o uso do pseudônimo, algo bem frequente nas notícias literárias publicadas no Diário da Tarde, em Socorro de Fátima (2007), Myrian Sepúlveda (2003) e Marlyse Meyer (1996). Os conceitos desses e de outros teóricos foram debatidos com o propósito de inserir o jornal ilheense nesse arquivo de representações e lugar de memória a serviço de uma elite, de um povo e de uma região considerada rica e lugar de coronéis, ao mesmo tempo em que mantinha considerável produção literária com publicações no suporte jornal.