BORGES: alegoria, metáfora e morte
Contos borgeanos. Literatura. Filosofia. Diferença. Repetição.
Este trabalho, com vista à defesa de tese, consiste numa discussão, análise e leitura de contos borgeanos, em que a problemática de interesse articula-se à linguagem, ao discurso e à escritura, remetendo-os tanto à Literatura quanto à Filosofia, tanto ao estatuto do ficcional, quanto ao do ontológico. Nessa ótica, pretende-se mostrar a escritura borgeana como urdidura da morte, do alegórico e do metafórico, no sentido de trazer para o ficcional traços distintos do real, elaborando o discurso para além do dito, atingindo os interstícios, o silêncio, as interrupções e a suspensão da representação. Nessa elaboração discursiva, aponta-se uma travessia na letra, afetada por sensações indizíveis, entrecruzando os processos de memória, imaginário e real, nos quais a temporalização faz emergir a diferença e a repetição. Nestas se constituindo agenciamentos territoriais que conduzem os personagens a espaços imaginários como possibilidades do real, permitindo-lhes efetiva mobilidade para desterritorializar-se e reterritorializar-se, conforme as forças de mudança que se manifestam nos seus trilhamentos. Para tanto, coloca-se como escopo uma pesquisa bibliográfica norteada por autores como Maurice Blanchot (2008), Kátia Muricy (1998), João Adolfo Hansen (2006), Susan Sontag (2007), Mário Bruno (2004), Juan Manuel García Ramos (2003), Beatriz Sarlo (2008), Walter Benjamin (1984), Gilles Deleuze (1997; 2006; 2009), Gilles Deleuze e Félix Guattari (1995; 1996; 1997). O corpus teórico e de discussão constitui-se a partir desses autores, atendendo ao caráter qualitativo implícito na construção desta tese. Quanto ao corpus literário, este é composto pelos contos A escrita do Deus, Os dois reis e os dois labirintos, A loteria em Babilônia, A metáfora, A biblioteca de Babel, O espelho e a máscara, Um teólogo na morte e O morto.