SEMIÁRIDO, MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: UM OLHAR SOBRE O RURAL PESQUEIRO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA BELA VISTA DO PIATÓ – ASSÚ/RN
RESUMO
O objetivo deste estudo é analisar a (In)Segurança Alimentar dos moradores da comunidade quilombola Bela Vista Piató e refletir sobre a relação com as questões socioambientais e os impactos das mudanças climáticas na Lagoa do Piató em Assu/RN que tem sido historicamente local de produção de alimentos. A comunidade quilombola localizada na região do semiárido potiguar, tem enfrentado grandes desafios com questões climáticas e socioambientais que ameaçam as atividades econômicas, além de alterar dinâmicas e relações produtivas, afetando diretamente a produção de alimentos. A pesquisa foi dividida em etapas, além do referencial teórico construído a partir de categorias analíticas como: semiárido, mudanças climáticas, segurança alimentar e nutricional, comunidades rurais e pesqueiras artesanais, foi viabilizado um estudo de caso. A metodologia consistiu de observação participante em reuniões da Associação Comunitária Quilombola da Bela Vista Piató, em entrevistas exploratórias com o objetivo de conhecer a percepção dos moradores sobre as questões ambientais e possíveis associações climáticas. Em relação ao consumo alimentar dos moradores, foi feita a aplicação de questionários incluindo aspectos sobre a percepção dos moradores e, questões para mensurar de maneira direta a segurança alimentar e nutricional na dimensão de acesso regular e permanente ao alimento da população, por meio chamada Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Por fim, nas análises, associou-se às projeções climáticas para região e o consumo alimentar da comunidade estudada numa perspectiva interdisciplinar e qualitativa. Verificou-se uma prevalência de 96,1% (n=98) de moradores em situação de insegurança alimentar: Dos indivíduos que viviam em situação de insegurança alimentar, 46,07% (n=47) eram pescadores e 47,05% (n=48) eram agricultores. Sobre a percepção dos moradores em relação às mudanças climáticas 77,45% (n=79) percebem-nas ao relacionar as dificuldades para desempenhar suas funções como resultados destas. Observa-se uma prevalência de insegurança alimentar de 73,52% (n=75) das casas chefiadas por mulheres quilombolas.