Cidade Inteligente e Humana, Para Quem?
Agenda pública, inovação e território, desenvolvimento local, desigualdade socioespacial e digital, Natal Cidade Inteligente e Humana
O planejamento urbano historicamente passou por diferentes compreensões que modificaram a forma de perceber e planejar as cidades. Atualmente, se destaca na agenda pública brasileira o paradigma inteligente (smart), que se materializa em projetos urbanos como os de cidade inteligente e humana. Ligado à questão da inovação urbana e tecnológica, o paradigma promete ser instrumento de modernização, crescimento inclusivo e sustentável, melhorando a qualidade de vida das pessoas pelo intenso uso de infraestruturas inteligentes a fim de aprimorar os serviços da cidade, otimizando seus recursos. Nesse sentido, identificando as iniciativas públicas em inovação urbana e tecnológica no âmbito dos investimentos em cidades inteligentes e humanas, a tese objetiva analisar a abrangência territorial das infraestruturas tecnológicas implementadas pelo poder público, seus usos e os efeitos práticos da proposta de cidade inteligente e humana com rebatimento no desenvolvimento socioeconômico das cidades e no processo de inclusão social prometida pela introdução da componente humana ao paradigma. Para tanto, é realizado um estudo de caso em Natal/RN, considerando três categorias de análises sobre a Natal Cidade Inteligente e Humana – NCIH, a saber: a) formação da agenda pública na proposta inteligente; b) relação inovação/território discutida à luz da geografia da inovação e dos territórios iluminados na NCIH e; c) desenvolvimento socioeconômico local sob a perspectiva da economia do aprendizado. O estudo de caso, em uma abordagem metodológica qualitativa, tem como elementos empíricos o perfil socioeconômico do território de inovação na cidade; os PPA’s municipais 2018-2021/2022-2025 (projetos/atividades relativos ao planejamento em ciência, tecnologia e inovação) e; a criação do parque tecnológico municipal (Parque Tecnológico Metrópole Digital), acessados a partir de pesquisa documental, bibliográfica, entrevistas semiestruturadas e surveys realizados com atores envolvidos com a agenda inteligente e humana. Problematizando o planejamento urbano dependente do intenso uso de infraestruturas ligadas a inteligência artificial – IA (smartphone, tablet, notebook, computador, acesso à internet, etc.) frente à desigualdade socioespacial e digital comuns em países periféricos, a tese pondera que a iniciativa inteligente e humana pode ser mais uma vantagem oferecida pelo Estado aos operadores do mercado, em uma conexão que não inclui a população mais vulnerável, não alcançando a inclusão prometida pelo referido paradigma.