TENSIONANDO O CAMPO AMBIENTAL: AS RELAÇÕES DE PODER NA DISPUTA
POLÍTICA EM TORNO DOS PARQUES EÓLICOS NO RIO GRANDE DO NORTE
Energia eólica, poder, conflito, disputa política, território.
O contexto ambivalente da expansão da energia eólica — que se projeta como alternativa frente às mudanças climáticas e como fonte energética para uma contínua produção e uso em larga escala —, chega no Brasil impulsionada pelo PROINFA em 2002. Desde então, as eólicas seguem crescendo intensamente, reconfigurando especialmente a região do Nordeste brasileiro. Apesar das contribuições ambientais positivas relacionadas à baixa emissão de gases poluentes e da eventual geração de empregos, a chegada das eólicas têm engendrado uma série de dinâmicas conflituosas nos territórios.A partir das evidências da literatura, construímos o pressuposto de que esses conflitos estão fundamentalmente relacionados às questões de poder, e, consequentemente, relacionados à garantia de legitimidade sobre os modos de vida e sobre os usos e o futuro dos territórios. Esses conflitos, ainda que eminentemente locais, se tornam visíveis à medida em que configuram uma disputa política pelo território, seja em arenas formais ou informais. Esta disputa é fruto de uma organização da própria sociedade civil local que tensiona o campo ambiental, podendo gerar uma reconfiguração das relações de poder. Ao compreender que o poder é uma estrutura que hierarquiza material e simbolicamente os atores em disputa, nos perguntamos: diante de uma relação de poder assimétrica, como as comunidades conseguem disputar o território com os empreendimentos eólicos? Desse modo, o objetivo geral da pesquisa é compreender os processos de disputas políticas do campo ambiental no que se refere à implementação das eólicas no Rio Grande do Norte. Para tanto, são utilizados o desenho metodológico qualitativo, amparado no método de estudo de caso, e a coleta de dados, efetuada por meio de entrevistas, observação simples, fotografias, pesquisa bibliográfica e documental. A partir disto, se pretende realizar um mapeamento das interações e da força dos discursos e dos atores na disputa política em torno das eólicas, e, com isto, recriar as zonas de consenso e de conflito através da noção de cotas de poder.