(Re)Existir é Resistir: a (re)ocupação das áreas públicas sob a ótica dos novos movimentos sociais urbanos
Centro Social Urbano; Cidade da Esperança; Resistência Urbana; Sociabilidade; Etnografia.
Com o passar dos anos, as áreas públicas que atuaram como palco de importantes acontecimentos para o convívio social na Cidade da Esperança em Natal/RN, desde a sua fundação na década de 1960, deixaram de ser fatores de atração no bairro, causando o distanciamento dos moradores. Isso aconteceu especialmente com a superquadra do antigo Centro Social Urbano - onde eram oferecidas atividades recreativas, esportivas, culturais e profissionalizantes - em virtude de sua mudança de função por meio da instalação de equipamentos institucionais. No entanto, desde meados de 2016, tem-se presenciado no bairro a atuação de organizações coletivas encabeçadas pelos jovens visando um retorno aos espaços públicos através da realização de atividades culturais. Partindo de tais prerrogativas, questiona-se: De que forma os “grupos de rua” surgidos recentemente na Cidade da Esperança têm se articulado em busca da preservação e (re)ocupação das praças e largos do bairro? Assim, delimita-se o objeto de estudo na relação: emergência de novas estratégias de luta urbana e formas de uso e apropriação do espaço público construído. Tem-se como objetivo principal compreender o alcance dos movimentos sociais contemporâneos de resistência urbana na mudança da lógica de utilização e pertencimento dos lugares de sociabilidade. A pesquisa por si só já demonstra relevância para o meio científico, devido à necessidade que há atualmente de se aprofundar os estudos acerca do papel das novas formas de resistência urbanas e das suas consequências para os espaços de vida coletiva na cidade. Além disso, a motivação para a abordagem dessa temática se deu a partir da observação empírica do autor, que por ser morador do bairro e residir nele desde a sua infância, vivenciou parte das transformações ocorridas. Com base em reflexões empreendidas por Agnes Heller (1985), Ana Fani Carlos (2007, 2008), David Harvey (2014), Henri Lefebvre (1999), Horácio Capel (1972), José Magnani, Lobato Corrêa (1989, 2011), Maria da Glória Gohn (1985, 2011), Michael Hardt e Antônio Negri (2014), Niara Palma (2011), dentre outros, serão abordados aspectos relacionados aos seguintes conceitos: Cotidiano, Sociabilidade e Lugar; Dinâmica Urbana, transformadora dos espaços de vida coletiva; Agentes Sociais modeladores do espaço urbano; e Novos movimentos sociais e estratégias de luta urbana. O percurso metodológico adotado, por sua vez, procura aliar os preceitos estabelecidos pelo método de pesquisa etnográfica a uma perspectiva histórica, recorrendo ainda a diversas técnicas, como a observação participante, fotoetnografia, entrevistas, aplicação de questionários, levantamento de dados, confecção de mapas, consulta as redes sociais dos movimentos e análise de plantas. Por fim, conhecidas as particularidades e potencialidades desses movimentos, os resultados da pesquisa apontam para uma ressignificação dos espaços de convivência urbana. A partir da sua (re)ocupação, deixam de ser o espaço do medo e do abandono e passam a ser o espaço da resistência sociocultural, política e urbana, por meio do qual os jovens moradores de bairros populares de Natal parecem estar reivindicando para si e para os seus semelhantes o direito à Cidade, à Cultura e ao Lazer.