As mais rentáveis vilas do Rei: produção e mercados na Capitania do Rio Grande do Norte (1750-1816)
Espaço colonial, Vilas, Comércio, Capitania do Rio Grande do Norte.
Quando, em 1750, o rei dom João V morreu, Portugal encontrava-se em grave crise econômica. Era um país atrasado em relação às duas grandes potências européias - França e Inglaterra. Além disso, encontrava-se em profunda dependência da Inglaterra que, em decorrência do Tratado de Methuen, de 1703, havia praticamente impedido o desenvolvimento da indústria manufatureira em Portugal, pois o obrigava a comprar quase tudo desse país, além de receber boa parte do ouro da colônia Brasil. O novo rei, dom José I, nomeou como primeiro-ministro Sebastião de Carvalho e Melo, o futuro Marquês de Pombal, que durante 27 anos comandou a política e a economia portuguesa. Ele reorganizou o Estado, protegeu os grandes empresários, criando as companhias monopolistas de comércio. Para muitos estudiosos, o desejo de Pombal era povoar e explorar uma região tropical tão grandiosa, de estimular os casamentos entre índios e europeus e de consolidar os territórios conquistados em coloniais. Nesse sentido e reafirmando essas asserções, através de alvarás do Conselho Ultramarinho, iniciados em 1755, foram expulsos os religiosos em 1758 e, ao invés das antigas missões criaram-se vilas: Vila Nova de Extremoz (1760), Vila Nova de Arêz (1760), Vila de Portalegre (1761), Vila de São José do Rio Grande (1762) e Vila Flor (1769). O sucesso de criação de vilas europeias na ‘terra dos bárbaros’ foi tão satisfatório aos olhos da Coroa que a formação dos espaços coloniais não poderia parar com a elevação das aldeias em vilas. Tributário também das Reformas Pombalinas, antigos arraias de povoamentos não-indígenas foram elevados a condição de vila: Vila Nova da Princesa (1766) e Vila Nova do Príncipe (1788). A instituição desses espaços em territórios efetivamente coloniais representou, em meio a todas as ações políticas e administrativas de Pombal realizadas nas colônias portuguesas, uma forma de estimular o comércio e o crescimento da Metrópole, além de organizar economicamente a Capitania, estimulando a produção e arrecadação de impostos para a Coroa. Assim sendo, essas Vilas seriam mercados produtores e consumidores, munidos do aparato civil e religioso português e dos elementos inerentes à vila. Nesse sentido, este trabalho visa analisar as ações da política pombalina na Capitania do Rio Grande do Norte atentando para a dinâmica imperial portuguesa e seus modos e propósitos de atuação na América portuguesa entre 1750 a 1816, sobretudo, na formação dos espaços economicamente ativos.