CIDADE DOS MORTOS NA CIDADE DOS VIVOS: A CONSTRUÇÃO DO CEMITÉRIO E A URBANIZAÇÃO DE JARDIM DO SERIDÓ (XIX-XX)
Cemitério – Cidade – Jardim do Seridó.
O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre os fatores que levaram à construção do cemitério público de Jardim do Seridó, cidade localizada no interior do Rio Grande do Norte, e como esses fatores implicou nas mudanças culturais fúnebres e os processos sociais urbanos. Para tanto, houve a necessidade de pensar a respeito das teorias higienistas que permearam o século XIX, considerando suas influências sobre a construção de novos espaços da modernidade, sobretudo o espaço da morte como os primeiros cemitérios extramuros no Brasil. Partindo do pressuposto que o cemitério é a parte integrante de toda cidade, uma vez que para se pensar planos de urbanização para a cidade deve-se ter em mente o lugar para onde vão as pessoas que têm seu destino final, o propósito inserido a esse estudo é buscar entender qual a relação entre a cidade dos mortos e a cidade dos vivos. O período analisado compreende a segunda metade do século XIX ao século XX, por meio da análise de falas e relatórios dos Presidentes de Província, livros de óbito, leis, decretos municipais, testamentos e códigos de posturas. A relação do cemitério com a cidade é entendida por meio de Michel de Certeau (1998), sob o olhar de como os sujeitos criam espaços por meio das práticas.