AOS VENTOS E CONVENTOS: POLÍTICA E HIERARQUIAS ESPACIAIS EM RECIFE E OLINDA (1654-1709)
Palavras-chave: Hierarquias espaciais, equipamentos urbanos, vila, cidade.
Busca-se, neste trabalho, analisar a importância dos equipamentos urbanos, assim como da presença propriamente dita de autoridades régias detentores de ofícios, e do status que Recife e Olinda possuíam e sua relação com as disputas pelo controle político e administrativo da capitania de Pernambuco, na segunda metade do século XVII. O período posterior à expulsão dos holandeses de Pernambuco, ocorrida em 1654, é rico em conflitos políticos, e teve o seu momento mais crítico em 1711, com a deflagração de uma guerra civil na capitania, motivada pela emancipação do Recife em relação a Olinda. Um ponto importante nas disputas ocorridas entre essas duas localidades é a necessidade de reestruturação da economia e do espaço físico da capitania, principalmente da vila de Olinda após sua destruição pelos holandeses, sendo o desejo mais latente da elite açucareira vinculada à câmara. Apesar das dificuldades enfrentadas, esse grupo permaneceu politicamente dominante durante boa parte do período compreendido entre 1654 e 1711. Nesse momento histórico, a região do Recife, lugar tradicional dos grandes comerciantes, enfrentava uma situação oposta, pois se tornou e permaneceu como o centro mais dinâmico em termos populacionais, urbanos e econômicos, mas não alcançou uma situação de poder próxima da elite açucareira. O desenvolvimento urbano do Recife e de Olinda influenciou os direcionamentos que a coroa portuguesa tomou na definição da sede da capitania e na concessão dos títulos de “cidade” ou “vila”, na configuração, portanto, de uma hierarquia espacial.