ONDE FICA O SERTÃO ROMPEM-SE AS ÁGUAS: PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO DA RIBEIRA DO APODI-MOSSORÓ (1676-1725)
Formação territorial; Guerra dos Bárbaros; Ribeira do Apodi-Mossoró; Rio Grande.
O processo de territorialização portuguesa da capitania do Rio Grande foi iniciado em 1598, com a conquista da barra do Rio Potengi por Mascarenhas Homem. Tal processo perdurou até 1633, quando foi interrompido pela chegada dos holandeses, sendo retomado somente em 1654. A partir deste ano, incentivou-se a ocupação de terras desconhecidas da capitania, subsidiando o avanço de conquistadores rumo às terras mais ao interior, rompendo os limites divisórios com a capitania do Siará Grande até então conhecido: a ribeira do Assú. Este avanço resultou em enfretamentos com os habitantes destas terras, os conhecidos tapuias, levando à eclosão de diversos conflitos que compuseram a Guerra dos Bárbaros. O palco principal de tais acontecimentos no Rio Grande, entre os anos de 1687 e 1720, foi justamente a ribeira do Assú, um dos espaços a ser problematizado por esta pesquisa. Considerando-se isso, este trabalho tem por objetivo analisar o avanço dos conquistadores no Rio Grande, contribuindo para o processo de territorialização portuguesa, que resultou no surgimento de uma nova fronteira entre o Rio Grande e o Siará Grande: o rio Apodi-Mossoró. Para tanto, realizou-se o cruzamento de fontes produzidas entre os anos de 1659 e 1725, como as cartas de sesmarias, cartas régias, correspondências entre a Câmara de Natal, os capitães-mores do Rio Grande e o governo de Pernambuco e governo geral, bem como os documentos referentes aos terços de paulistas que atuaram na capitania.