Conflitos e discórdias no processo de territorialização do Sertão do Assu (1680-1720)
Sertão do Assu; Povoamento; Guerra dos Bárbaros; Redes de parentesco.
O processo de interiorização da posse portuguesa nas Capitanias do Norte, após a expulsão dos holandeses e com o desenvolvimento da atividade pecuária no sertão, acabou por expandir o território português na América. Na capitania do Rio Grande esse processo foi responsável por estender o povoamento a regiões até então completamente desconhecidas, porém povoadas por grupos indígenas distintos daqueles já conhecidos pelo colonizador. A expansão ocorria de acordo com as ribeiras dos principais rios. Dentre as ribeiras da capitania do Rio Grande, a do rio Açu foi a que despertou maior interesse entre os povoadores dos sertões. As terras necessárias para essa empreitada eram obtidas por meio das concessões de sesmarias que eram concedidas àqueles que possuíam e apresentassem justificativas convincentes de seu interesse em povoar, produzir e tornar produtivas as terras que se encontravam devolutas com vistas aos interesses da coroa. A presente pesquisa tem como temática a análise do processo de territorialização do sertão do Assu, caracterizando-o como um novo espaço social na capitania do Rio Grande. Este processo teve como consequência o avanço da conquista portuguesa na região e os conflitos envolvendo os agentes da colonização e os grupos indígenas que habitavam aquele espaço, bem como os conflitos de interesses dos principais grupos sociais da capitania e pelas políticas de defesa da posse lusa do território. Tomar-se-á como objetos de estudo os fenômenos sociais que caracterizaram a ribeira do Assu, na virada do século XVII para o XVIII, como um espaço de conflitos de interesses. Estes fenômenos tiveram inicio no estabelecimento de povoações ao longo do curso do rio Assu (com as concessões de sesmarias) e seguiu até o fim da Guerra dos Bárbaros (uma série de conflitos entre os povos indígenas e os novos moradores que se estenderam por toda a segunda metade do século XVII até as primeiras duas décadas do XVIII por todo o norte do Estado do Brasil), recorte temporal que se estende de 1680 a 1720.