A DERIVA DA CIDADE DA ESPERANÇA: POLÍTICA HABITACIONAL E MERCADO SIMBÓLICO EM NATAL (1964 – 1966)
Cidade da Esperança; grupo aluizista; capital simbólico; campo político.
Entre os anos 1964 e 1966, foi construído, na cidade do Natal, um conjunto habitacional chamado Cidade da Esperança. Obra do governo Aluízio Alves, a Cidade da Esperança sofreu, por ação dele, diversos usos. A maior parte deles objetivava a produção, obtenção, acúmulo e conservação de capital simbólico a ser utilizado no campo político. Para isso, o governador adotou toda sorte de estratégias. Convidou o presidente da República, Castelo Branco, para inaugurar as casas, enquanto, simultaneamente, utilizou-as para tentar evitar possível cassação de seu mandato. O governador Aluízio Alves realizava, igualmente, rituais na cidade do Natal durante a época natalina. Neles, entregava à população dádivas pelas quais esperava retribuição em forma de apoio político. A Cidade da Esperança integrou essa economia simbólica e foi apresentada como dádiva a setores sociais específicos, em especial aos católicos. O presente trabalho, portanto, propõe-se a analisar os meandros desses usos e as estratégias incluídas neles para se produzir capital simbólico. Como desdobramento desse exame, serão analisadas as estratégias para o transporte desse capital simbólico para o campo político.