O MÉDICO, OS MÚSICOS E O MONSTRO: JOSUÉ DE CASTRO, O MANGUEBEAT E O HEAVY METAL NA (RE)PRESENTAÇÃO DO NORDESTE NA DÉCADA DE 1990
Josué de Castro. Manguebeat. Recife. Nordeste.
Este trabalho tem como objetivo investigar a circulação e transformação das imagens e conceitos do romance Homens e Caranguejos, de Josué de Castro, na década de 1990 em sua relação com os debates sobre as representações espaciais da regionalidade nordestina. Partiu-se de dois pressupostos: o fato de que, em sua ficção, o autor reciclou noções e personagens esboçados em escritos anteriores (desde contos da década de 1930, até suas produções geográficas e sociológicas das décadas posteriores); bem como aquilo que Castro chamou da dimensão autobiográfica do seu romance. A partir disso, primeiramente analisou-se a operação que resultou no romance, em que se observou uma correlação entre as representações espaciais e um sentido pessoal na escrita do autor, de modo a fundamentar o posterior exame das leituras de tais conteúdos pelos sujeitos do nosso recorte. Ao fim, constatou-se que as imagens e conceitos de Josué de Castro, ao serem recolocados em tempos e espaços distintos, assumiram significados originais e imprevisíveis, rompendo, eventualmente, a consciência do seu vínculo com o autor. Foram utilizados como fontes os escritos de Castro, periódicos e produções artísticas diversas, como encartes de discos, canções e videoclipes.