“EXPERIÊNCIAS DE INVERNO”: A PRÁTICA DO ROUBO DE SANTO E A SACRALIZAÇÃO DE ESPAÇOS SERTANEJOS EM COMUNIDADES RURAIS DE POMBAL- PB
sertões, experiências de inverno, roubo de santo, espaço, memória, identidade
Este estudo investiga como a prática do roubo de santo, rito realizado em prol das chuvas no Nordeste, constitui o sertão como espaço sagrado em comunidades rurais do munícipio de Pombal, no estado da Paraíba. Problematizamos as experiências, notadamente as de inverno, os significados e os interesses cotidianos que perpassam a definição de espacialidades rurais a partir do furto de imagens de São José, o santo Padroeiro das chuvas nessa região. No campo teórico, baseada nas concepções de Certeau (1998), J. Assmann (2016) e A. Assmann (2011), a pesquisa operacionaliza os conceitos de espaço, memória cultural e identidade a fim de perscrutar os aspectos socioculturais mobilizados junto à prática para configurar as espacialidades sertanejas. Como metodologia, a partir das análises de Meyhy e Holanda (2011) e Delgado (2006), utilizamos a História Oral para dialogarmos com as memórias que constituem a oralidade em torno da manifestação religiosa, evidenciada pelas narrativas memorialísticas daqueles que vivenciam o cotidiano local. A análise iconológica de imagens e de artefatos da fé ligados ao roubo e a apreciação de documentos escritos a respeito das vidas locais complementam o aporte metodológico da pesquisa. Dessa forma, questionamos como a memória inscrita na prática atua na formação de espaços locais da recordação e buscamos perceber de que maneira as manifestações religiosas delineadas pelo roubo atuam na sacralização do sertão, estabelecendo identidades sociorreligiosas que territorializam as vivências nessas localidades.